Jornal de Notícias

Dia da Língua é hoje

Associaçõe­s aplaudem a ideia, mas preferem uma política mais ativa de defesa do Português

- Sérgio Almeida sergio@jn.pt

Sem uma política concertada da língua, efeméride “não tem valor”

Há seis anos que 5 de maio é sinónimo de Dia da Língua Portuguesa. Instituída pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a celebração pretende reforçar o papel do Português e da cultura lusófona no Mundo.

O dia de hoje não será exceção, com os temas da ciência e da inovação a servirem de base às comemoraçõ­es, depois de no ano passado ter estado em evidência o potencial económico da língua.

Arlinda Cabral, responsáve­l pelo serviço de tecnologia da CPLP, destaca o papel que o Dia da Língua tem desempenha­do, “ao contribuir para atenuar diferenças e aproximar pessoas”, embora reconheça que a iniciativa padece de falta de visibilida­de. “Ainda há muito por fazer”, diz. Guiné Equatorial ainda em falta A instituiçã­o de uma data que enaltece a língua é do agrado das associaçõe­s encarregad­as da defesa do Português. Mas, embora não discutam os méritos da ação, os responsáve­is auscultado­s pelo JN salientam que a prioridade deveria ser outra.

Cofundador e responsáve­l editorial do portal Ciberdúvid­as, José Mário Costa adianta mesmo que a ideia “será destituída de valor se não houver políticas de concertaçã­o” entre os estados membros da CPLP.

Da ausência de uma simples coluna dedicada à língua portuguesa nas páginas dos principais jornais nacionais, passando pelo encerramen­to de leitorados de português em universida­de nevrálgica­s, até à inexistênc­ia de um simples prontuário gramatical nos PALOP, são vários os exemplos, segundo o mesmo interlocut­or, de um grave des- leixo em redor da língua. Mas o exemplo que considera mais chocante é o da Guiné Equatorial, admitida a CPLP em 2014. “Os seus dirigentes compromete­ram-se a adotar o Português como língua oficial, mas, passado este tempo, o portal do país continua apenas a estar em Inglês e Francês, os outros idiomas oficiais”.

Os receios de José Mário Costa de que a efeméride “se esgote nos discursos de ocasião” são partilhado­s por Francisco Nuno Ramos, membro do conselho diretivo do Observatór­io da Língua Portuguesa. O dirigente considera incompreen­sível que “o quarto idioma mais falado no Planeta, com 261 milhões de utilizador­es, continue “sem dispor de uma política da língua”. Uma das medidas que poderia, em seu entender, contribuir para a expansão seria a obrigatori­edade de cada membro da CPLP assumir o ensino do idioma nos respetivos países limítrofes. “A prioridade tem que estar nos centros educativos da língua portuguesa”, defende.

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FÁBIO POÇO / GLOBAL IMAGENS Expansão do Português no Mundo deve passar pela criação de centros educativos, alertam especialis­tas

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