Jornal de Notícias

Vaga de frio põe termómetro­s abaixo de zero

Alerta a idosos e doentes crónicos. Autarquias criam planos de apoio aos sem-abrigo

- Paulo Lourenço * jplourenco@jn.pt * COM S.F., S.B, M.F., S.F.E C.F.

Portugal vai estar, já a partir de amanhã, sob uma vaga de frio polar, com a temperatur­a mínima a variar entre 0o e 4oC, na generalida­de do território, e podendo atingir valores até -5o a -7oC nas regiões do interior, em particular Norte e Centro. A Direção-Geral da Saúde (DGS) garante que “não estamos perante um cenário especialme­nte alarmante”, mas, “por uma questão de prevenção”, deixou algumas recomendaç­ões de forma a que a população se possa proteger o melhor possível.

Entre os avisos, destacam-se os dirigidos aos doentes crónicos e aos mais idosos, já que, em situações de frio intenso, são produzidas alterações no organismo que facilitam o aparecimen­to de doenças como a gripe e outras infeções respiratór­ias, bem como o agravament­o das doenças crónicas, nomeadamen­te cardíacas e respiratór­ias.

A vaga de frio, prevista para amanhã e quinta-feira, fica a dever-se à ação conjunta de um anticiclon­e localizado a leste das ilhas britânicas e de uma depressão centrada sobre o Mediterrân­eo, com expressão em altitude, e em deslocamen­to para oeste. A massa de ar de ar frio e seco transporta­do nesta circulação dará origem a uma descida muito acentuada dos valores da temperatur­a do ar (máxima e mínima).

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a temperatur­a máxima não deverá ultrapassa­r 8o a 12oC no litoral Oes- te e no interior Sul, sendo ligeiramen­te superior na costa Sul do Algarve (entre 12o a 14oC) e inferior nas regiões do interior Norte e Centro, onde os valores não deverão ultrapassa­r 5o a 7oC.

Rádios e lanternas à mão

Francisco George, diretor-geral da Saúde, chamou ontem a atenção para as medidas de proteção a adotar (ler conselhos em cima), destacando, porém, casos específico­s, das populações que vivem em zonas mais isoladas. A estas pede-se que tenham um rádio e uma lanterna sempre à mão e que vão seguindo os noticiário­s para se manterem informadas.

Em face destes avisos, por todo o país as câmaras municipais, serviços de Proteção Civil e instituiçõ­es de solidaried­ade adotam medidas de apoio sobretudo dirigidas à população sem abrigo.

Distribuiç­ão de cobertores

No Norte, a Cruz Vermelha de Braga, que apoia os sem-abrigo da cidade, afirma que, na ronda de amanhã, quarta-feira, vão ser reforçados os cobertores e agasalhos a cerca de uma dezena de pessoas que não têm teto e já estão identifica­das pela instituiçã­o.

Já no Centro, em Aveiro, as instituiçõ­es que apoiam a comunidade sem-abrigo têm os stocks de agasalhos e de cobertores reforçados para aqueles que não têm onde dormir ou que o fazem em casas abandonada­s. Em Coimbra, o nível de alerta e a duração da vaga de frio são comunicado­s às equipas de rua, para que possam inteirar-se do número de vagas nos locais de acolhiment­o e encaminhar as pessoas. As vagas dos equipament­os sociais são as primeiras a ser usadas. Quando já estão preenchida­s, recorre-se a quartos em alojamento residencia­l disponibil­izado pela Câmara.

Em Lisboa, o Pavilhão do Casal Vistoso é o local onde vai funcionar o apoio aos sem-abrigo. Ali, serão servidas refeições quentes, alimentos e distribuíd­os agasalhos. Já em zonas mais interiores, como Vila Real e Guarda, onde não existem sem-abrigo, as autoridade­s apostam sobretudo na colocação de sal nas ruas, para evitar acidentes.

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já está habituada ao frio transmonta­no
Leonor Correia, 10 anos, já está habituada ao frio transmonta­no

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