Vaga de frio põe termómetros abaixo de zero
Alerta a idosos e doentes crónicos. Autarquias criam planos de apoio aos sem-abrigo
Portugal vai estar, já a partir de amanhã, sob uma vaga de frio polar, com a temperatura mínima a variar entre 0o e 4oC, na generalidade do território, e podendo atingir valores até -5o a -7oC nas regiões do interior, em particular Norte e Centro. A Direção-Geral da Saúde (DGS) garante que “não estamos perante um cenário especialmente alarmante”, mas, “por uma questão de prevenção”, deixou algumas recomendações de forma a que a população se possa proteger o melhor possível.
Entre os avisos, destacam-se os dirigidos aos doentes crónicos e aos mais idosos, já que, em situações de frio intenso, são produzidas alterações no organismo que facilitam o aparecimento de doenças como a gripe e outras infeções respiratórias, bem como o agravamento das doenças crónicas, nomeadamente cardíacas e respiratórias.
A vaga de frio, prevista para amanhã e quinta-feira, fica a dever-se à ação conjunta de um anticiclone localizado a leste das ilhas britânicas e de uma depressão centrada sobre o Mediterrâneo, com expressão em altitude, e em deslocamento para oeste. A massa de ar de ar frio e seco transportado nesta circulação dará origem a uma descida muito acentuada dos valores da temperatura do ar (máxima e mínima).
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a temperatura máxima não deverá ultrapassar 8o a 12oC no litoral Oes- te e no interior Sul, sendo ligeiramente superior na costa Sul do Algarve (entre 12o a 14oC) e inferior nas regiões do interior Norte e Centro, onde os valores não deverão ultrapassar 5o a 7oC.
Rádios e lanternas à mão
Francisco George, diretor-geral da Saúde, chamou ontem a atenção para as medidas de proteção a adotar (ler conselhos em cima), destacando, porém, casos específicos, das populações que vivem em zonas mais isoladas. A estas pede-se que tenham um rádio e uma lanterna sempre à mão e que vão seguindo os noticiários para se manterem informadas.
Em face destes avisos, por todo o país as câmaras municipais, serviços de Proteção Civil e instituições de solidariedade adotam medidas de apoio sobretudo dirigidas à população sem abrigo.
Distribuição de cobertores
No Norte, a Cruz Vermelha de Braga, que apoia os sem-abrigo da cidade, afirma que, na ronda de amanhã, quarta-feira, vão ser reforçados os cobertores e agasalhos a cerca de uma dezena de pessoas que não têm teto e já estão identificadas pela instituição.
Já no Centro, em Aveiro, as instituições que apoiam a comunidade sem-abrigo têm os stocks de agasalhos e de cobertores reforçados para aqueles que não têm onde dormir ou que o fazem em casas abandonadas. Em Coimbra, o nível de alerta e a duração da vaga de frio são comunicados às equipas de rua, para que possam inteirar-se do número de vagas nos locais de acolhimento e encaminhar as pessoas. As vagas dos equipamentos sociais são as primeiras a ser usadas. Quando já estão preenchidas, recorre-se a quartos em alojamento residencial disponibilizado pela Câmara.
Em Lisboa, o Pavilhão do Casal Vistoso é o local onde vai funcionar o apoio aos sem-abrigo. Ali, serão servidas refeições quentes, alimentos e distribuídos agasalhos. Já em zonas mais interiores, como Vila Real e Guarda, onde não existem sem-abrigo, as autoridades apostam sobretudo na colocação de sal nas ruas, para evitar acidentes.