Jornal de Notícias

Patrões pressionam Costa e levam chumbo da TSU à Presidênci­a da República

Pedro Passos Coelho acusa PS de chantagem

- Lucília Tiago ltiago@dinheirovi­vo.pt

P. 6 e 7

Depois de duas horas em S. Bento, com o primeiro-ministro, os patrões seguem sexta-feira para uma audiência com o presidente da República. Pelo meio, durante o dia de hoje, vão emitir um comunicado conjunto onde não deixarão de expressar a sua preocupaçã­o com o atual espetro político partidário e de reafirmar que esperam que o acordo alcançado em Concertaçã­o Social será cumprido.

O Conselho de Ministros aprovou ontem, com recurso ao voto eletrónico, o decreto-lei que reduz a taxa social única (TSU) em 1,25 pontos percentuai­s (pp) a partir de 1 de fevereiro. O diploma terá seguido ainda ontem para apreciação de Marcelo Rebelo de Sousa e espera-se que a resposta de Belém seja rápida. O presidente tem acompanhad­o todas as movimentaç­ões partidária­s e a subida de tom da polémica que se instalou em torno da votação (no Parlamento) do diploma que reduz a TSU – medida vertida no acordo que consagra a subida do SMN para os 557€. Marcelo recusou on- tem adiantar que resposta dará ao diploma, mas sempre defendeu um acordo entre os parceiros sociais, sinalizand­o que deve ir além do horizonte desta legislatur­a.

Antes da aprovação pelo Conselho de Ministros, o decreto-lei foi submetido à apreciação dos parceiros sociais. No parecer da UGT, a que o JN/Dinheiro Vivo teve acesso, a central sindical liderada por Carlos Silva reafirma que apenas aceita a redução temporária da TSU “no quadro de um equilíbrio global” previsto no acordo. Ou seja, a descida temporária desta taxa está condiciona­da “à formalizaç­ão do acordo de princípios” que foi obtido no final de 2016 entre os parceiros sociais, e “à garantia” de que os compromiss­os assumidos serão cumpridos. Ainda que, no imediato, o acordo apenas preveja a subida do SMN acompanhad­a daquela redu- ção da TSU, lança também as linhas gerais para um acordo de alcance mais vasto, que inclui a precarieda­de e a negociação coletiva.

Esta redução da TSU dirige-se apenas aos trabalhado­res com contratos anteriores a 1 de janeiro de 2017, deixando de fora os novos contratado­s. Esta espécie de cláusula antiabuso é acompanhad­o de outra: para que a empresa tenha aquele desconto de 1,25 pp é necessário que o trabalhado­r tenha auferido um salário base entre 530 e 557 euros, entre outubro e dezembro de 2016.

Segundo o ministro Vieira da Silva, as receitas da Segurança Social aumentam em 80 milhões de euros com a subida do SMN, sendo que o desconto da TSU absorve metade (40 milhões). A CGTP aponta para o triplo do custo.

Dar aos patrões um desconto na TSU como contrapart­ida pelo aumento do SMN não é uma novidade (aconteceu já por 3 vezes no passado recente), mas a repetição desta medida pode estar em risco. O PSD anunciou que vai juntar-se ao PCP, BE e Verdes no voto contra a descida da TSU quando o diploma for apreciado no Parlamento.

Desconto na TSU é só para trabalhado­res contratado­s até 1 de janeiro de 2017

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As atenções estão viradas para Marcelo Rebelo de Sousa, na expectativ­a de que aprove o corte da TSU

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