Greves feriados e ponte tiraram cinco dias de aulas num mês
● Terceiro período ainda não teve uma semana letiva completa ● Pais, professores e diretores exigem mudar calendário escolar
Os alunos podem voltar a não ter aulas amanhã, devido à greve da Função Pública, que deverá encerrar escolas por todo o país. Com esta paralisação – e considerando a da semana passada dos trabalhadores das cantinas e que levou também ao fecho de alguns estabelecimentos de ensino –é a sexta semana consecutiva em que as escolas não conseguem funcionar a semana inteira. Ou seja, este terceiro período ainda não teve uma única semana completa de aulas para todos os alunos. Uma situação que está a suscitar protestos de pais, professores e diretores, que exigem uma alteração urgente do calendário escolar. É que já se perderam cinco dias de aulas num período com pouco mais de 30 dias de trabalho.
A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSTFPS) garantia, anteontem, que amanhã, vai ser “uma grande greve”. “As expectativas são elevadas. O Governo vai ter que reparar nisso e negociar com os sindicatos”, enfatizava Ana Avoila, referindo-se a uma paralisação que abrange toda a administração direta do Estado. Ontem, a dirigente assegurava que a greve irá afetar as áreas da saúde, da cultura e, como “é prática,” as escolas.
“Isto começa a ser um constrangimento muito grande”, admite o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), lembrando que o terceiro período, que “já é demasiado curto”, arrancou a uma quarta-feira devido às férias da Páscoa e, desde então, há seis semanas consecutivas que as escolas não conseguem funcionar todos os cinco dias da semana, de- vido a feriados, à tolerância de ponto do Papa e a greves. “Isto não está a ser fácil para os professores. Os testes vão acumular-se. Vão ocorrer situações em que os alunos vão ter mais do que um teste num dia ou que os professores só vão conseguir fazer um por disciplina”, explica Filinto Lima, assegurando não ter memória de um período tão curto e com tantas pausas.
Exigida avaliação semestral Para o presidente da ANDAEP, o que está acontecer obriga a uma reformulação do calendário escolar. “Isto deixaria de acontecer se
Sucessão de feriados, greves e tolerância está a provocar “constrangimentos grandes” nas escolas
fossem criados dois semestres de avaliação, em vez dos três, como acontece no Ensino Superior, mantendo-se várias pausas ao longo do ano”, sugere Filinto Lima.
Os professores concordam. “Não tem qualquer sentido o calendário escolar ser elaborado em função do calendário religioso. Por vezes, temos períodos demasiado longos e outros, como este, demasiado curtos. Isto é um desequilíbrio completo”, considera Mário Nogueira, defendendo uma reflexão urgente sobre a semestralidade na avaliação.
“O Ministério da Educação devia mandar rapidamente uma pro- posta para as organizações sindicais, diretores e pais. É preciso haver coragem para se romper com estas coisas e organizar-se o ano letivo de outra forma”, desafia o líder da Federação Nacional dos Professores Fenprof, confirmando os alunos vão acabar por ter vários testes por dia.
“O ano letivo está organizado de uma forma muito desequilibrada, o que não é benéfico. O tempo começa a ser diminuto. Não é muito normal que isto aconteça”, concorda Jorge Ascenção, lembrando que a proposta da semestralidade surgiu da Confederação das Associações de Pais (Confap).