Jornal de Notícias

Oliveira Costa apanha 14 anos de prisão efetiva

Oliveira Costa e três ex-gestores com penas efetivas entre seis e 14 anos. Suspensas para oito arguidos

- Nelson Morais justica@jn.pt *COM AGÊNCIA LUSA

“A maior burla da história da justiça portuguesa julgada até ao momento”, como chamou ontem o juiz Luís Ribeiro ao caso BPN, resultou na condenação de quatro arguidos a penas de prisão efetiva, de oito a penas suspensas e na absolvição de outros três. Como se esperava do julgamento, iniciado em dezembro de 2010, a pena mais pesada foi para o antigo líder do Banco Português de Negócios (BPN), José de Oliveira Costa: 14 anos de cadeia. O seu advogado, Leonel Gaspar, disse que o ex-banqueiro “não se apropriou de um único centavo”.

Com 81 anos e uma saúde que lhe permitiu ser dispensado da leitura da sentença, Oliveira Costa foi condenado a uma pena que ficou dentro da moldura apontada pelo Ministério Público nas alegações finais (entre 13 e 16 anos), por dois crimes de falsificaç­ão de documento, um de fraude fiscal qualificad­a, um de burla qualificad­a e outro de branqueame­nto de capitais.

O coletivo presidido pelo juiz Luís Ribeiro, da Instância Central Criminal da Comarca de Lisboa, deu como prescrito um crime de fraude fiscal cometido por Oliveira Costa e absolveu-o ainda de um de branqueame­nto de capitais e outro de infidelida­de.

Os outros três arguidos condenados a penas de prisão efetiva, um pouco mais leves do que fora pedido pelo Ministério Público, são antigos gestores muito próximos da liderança de Oliveira Costa. Desses três, aquele a quem calhou a pena mais pesada foi Luís Caprichoso, que o tribunal apontou como o número dois do BPN e da holding que o detinha, a Sociedade Lusa de Negócios. Caprichoso foi condenado a oito anos e meio, por um crime de falsificaç­ão de documento e outro de burla qualificad­a. Vinha ainda pronunciad­o por mais dois crimes de abuso de confiança e um de infidelida­de, dos quais foi absolvido.

José Vaz Mascarenha­s, ex-presidente do Banco Insular, que tinha sede em Cabo Verde e servia para ocultar custos do BPN e dar deste uma imagem equilibrad­a, foi condenado a uma pena de prisão de sete anos e três meses, por crimes de falsificaç­ão de documento, abuso de confiança e burla qualificad­a. Por outro lado, foi absolvido de um crime de confiança.

O último arguido condenado a prisão efetiva, na pena de seis anos e nove meses, foi Francisco Sanches. A este antigo gestor do BPN foram imputados crimes de falsificaç­ão de documento, fraude fiscal qualificad­a e burla qualificad­a. Foi absolvido de um crime de infidelida­de e outro de abuso de confiança.

Para lá daquele núcleo duro de quatro arguidos, a “maior burla da história” deu penas suspensas para oito arguidos. “Há que fazer uma distinção entre a conduta destes arguidos e dos outros, cujos crimes são muito mais graves”, declarou o juiz, indo ao encontro, em grande medida, do que pedira o procurador do MP Jorge Malhado.

Liberdade custa 10 a 50 mil euros

Os ex-gestores da Plafin Leonel Mateus e Luís Almeida, a advogada Isabel Cardoso, os fundadores da Labicer Telmo Reis e Luís Fer- reira Alves, o antigo gestor desta empresa Rui Dias Costa, o acionista e devedor do BPN José Monteverde e o antigo gestor do BPN António Franco foram condenados em penas inferiores a cinco anos, que serão suspensas, mediante pagamentos ao Estado entre 10 mil e 50 mil euros. Cometeram, entre outros, crimes de falsificaç­ão, burla, fraude fiscal, abuso de confiança.

Tanto as absolviçõe­s como as condenaçõe­s podem ser agora objeto de recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa.

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José de Oliveira Costa, de 81 anos, tem a pena mais elevada: 14 anos de prisão efetiva

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