Polícia trava confrontos entre claques no tribunal
Elemento dos No Name Boys (Benfica) detido durante sessão de instrução no caso da morte de adepto do Sporting
Um elemento da claque do Benfica No Name Boys foi detido pela PSP, na sequência dos incidentes ocorridos ontem, no Campus de Justiça em Lisboa, antes, durante e depois do debate instrutório no processo sobre a morte do adepto italiano do Sporting Marco Ficini. Perante a iminência de confrontos violentos, a PSP teve de escoltar e separar membros da Juve Leo e dos No Name Boys e conter dezenas de elementos das duas claques rivais que aguardavam perto do tribunal a saída dos que estavam na sala de audiências.
O italiano foi atropelado mortalmente antes de um Sporting-Benfica, a 22 de abril do ano passado, segundo o Ministério Público por um elemento dos No Name, Luís Pina, que está acusado de homicídio qualificado num processo que tem 22 arguidos, todos das claques dos dois clubes da capital. Luís Pina não esteve no tribunal.
A audiência de ontem ficou marcada desde o primeiro momento pela tensão. Ainda na sala, antes dos trabalhos começarem, houve ameaças e insultos entre arguidos das duas claques. Os jornalistas também foram alvo de ameaças, até que a PSP decidiu intervir e pôr cobro ao caos que estava a gerar-se.
Pouco depois das 13 horas, uma força policial foi colocada à porta do tribunal. Saíram primeiro os adeptos do Sporting e depois os do Benfica. O risco de confrontos era evidente, até porque os especialistas da PSP no controlo de claques que, à civil, vigiavam o exterior, tinham detetado nas imediações do Campus dezenas de elementos de ambas as claques dispostos a confrontos. Foi na sequência destas ações preventivas que foi detido o elemento dos No Name – um homem de 35 anos que não é arguido no processo – por crimes de resistência, coação, injúrias e ameaças.
No debate instrutório, o advogado Melo Alves, que defende Luís Pina, alegou que o arguido está incorretamente acusado de homicídio qualificado. Para o advogado, a acusação devia ser por homicídio negligente, pois não houve “intenção de matar”.
Melo Alves salientou as circunstâncias em que Luís Pina teve de fugir da zona do Estádio da Luz, onde estavam vários adeptos do Sporting com barras de ferro e pedras. Para o jurista, as quatro tentativas de homicídio de que Pina está também acusado têm todas a ver com tentativas de atropelamento ocorridas durante a fuga que o causídico considerou ter sido um gesto de legítima defesa.
Por outro lado, Marco Fincini foi atropelado quando circulava a pé na faixa de rodagem e não na berma, uma conduta que poderá estar associada ao facto de os exames laboratoriais terem detetado cocaína no seu sangue.
Autor de atropelamento mortal “não tinha intenção de matar”, diz o advogado