Jornal de Notícias

Polícia trava confrontos entre claques no tribunal

Elemento dos No Name Boys (Benfica) detido durante sessão de instrução no caso da morte de adepto do Sporting

- Carlos Varela carlos.varela@jn.pt

Um elemento da claque do Benfica No Name Boys foi detido pela PSP, na sequência dos incidentes ocorridos ontem, no Campus de Justiça em Lisboa, antes, durante e depois do debate instrutóri­o no processo sobre a morte do adepto italiano do Sporting Marco Ficini. Perante a iminência de confrontos violentos, a PSP teve de escoltar e separar membros da Juve Leo e dos No Name Boys e conter dezenas de elementos das duas claques rivais que aguardavam perto do tribunal a saída dos que estavam na sala de audiências.

O italiano foi atropelado mortalment­e antes de um Sporting-Benfica, a 22 de abril do ano passado, segundo o Ministério Público por um elemento dos No Name, Luís Pina, que está acusado de homicídio qualificad­o num processo que tem 22 arguidos, todos das claques dos dois clubes da capital. Luís Pina não esteve no tribunal.

A audiência de ontem ficou marcada desde o primeiro momento pela tensão. Ainda na sala, antes dos trabalhos começarem, houve ameaças e insultos entre arguidos das duas claques. Os jornalista­s também foram alvo de ameaças, até que a PSP decidiu intervir e pôr cobro ao caos que estava a gerar-se.

Pouco depois das 13 horas, uma força policial foi colocada à porta do tribunal. Saíram primeiro os adeptos do Sporting e depois os do Benfica. O risco de confrontos era evidente, até porque os especialis­tas da PSP no controlo de claques que, à civil, vigiavam o exterior, tinham detetado nas imediações do Campus dezenas de elementos de ambas as claques dispostos a confrontos. Foi na sequência destas ações preventiva­s que foi detido o elemento dos No Name – um homem de 35 anos que não é arguido no processo – por crimes de resistênci­a, coação, injúrias e ameaças.

No debate instrutóri­o, o advogado Melo Alves, que defende Luís Pina, alegou que o arguido está incorretam­ente acusado de homicídio qualificad­o. Para o advogado, a acusação devia ser por homicídio negligente, pois não houve “intenção de matar”.

Melo Alves salientou as circunstân­cias em que Luís Pina teve de fugir da zona do Estádio da Luz, onde estavam vários adeptos do Sporting com barras de ferro e pedras. Para o jurista, as quatro tentativas de homicídio de que Pina está também acusado têm todas a ver com tentativas de atropelame­nto ocorridas durante a fuga que o causídico considerou ter sido um gesto de legítima defesa.

Por outro lado, Marco Fincini foi atropelado quando circulava a pé na faixa de rodagem e não na berma, uma conduta que poderá estar associada ao facto de os exames laboratori­ais terem detetado cocaína no seu sangue.

Autor de atropelame­nto mortal “não tinha intenção de matar”, diz o advogado

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 ??  ?? Elementos da PSP fardados concentrar­am-se à porta do tribunal
Elementos da PSP fardados concentrar­am-se à porta do tribunal
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No exterior havia dezenas membros das claques, alguns bastante exaltados
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Marco Ficini, vítima de atropelame­nto
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Mais adeptos controlado­s à chegada

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