Formar para ajudar crianças a terem melhor autoestima
Projeto-piloto com apoio da Gulbenkian visa combater dificuldades de comportamento e de aprendizagem
Vanda Varela Pedrosa, 40 anos, docente da Escola Superior de Saúde do Politécnico de Leiria (PL) e terapeuta ocupacional, vai iniciar em novembro um projeto-piloto, a nível nacional, destinado a “modelar o comportamento das crianças” que manifestem dificuldades de comportamento, relacionamento e aprendizagem. O projeto tem o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e o protocolo foi assinado na sexta-feira.
“A metodologia consiste em trabalhar a autoestima, o autoconhecimento, a gestão de conflitos, as rotinas e a gestão dos tempos mortos”, revela a docente. “Queremos criar uma rede de formadores que dê apoio a estas crianças para que tenham mais competências no futuro: quando forem para a escola, fazer Erasmus, ou para o mercado de trabalho”, exemplifica. “A ideia é abrir-lhes os horizontes”.
Financiado pela Gulbenkian, pelo PL, pelas câmaras municipais de Leiria e de Porto de Mós, o projeto tem como público-alvo profissionais que estão mais tempo com crianças, como educadores de infância e assistentes operacionais de escolas públicas, assim como elementos das comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ), que irão receber formação na Universidade de Coimbra.
A formação decorre ao longo de seis sessões espaçadas, com uma média de três semanas entre elas, para que os cuidadores possam fazer leituras, ver vídeos e aplicar a metodologia, com o apoio de guiões, explica Vanda Pedrosa. “Num grupo de 20 e tal crianças nem sempre é fácil chegar aos mais problemáticos”, afirma. “Será que a forma como atuo pode mudar algo?”
Convicta de que sim, a terapeuta ocupacional explica que este projeto é inspirado no modelo norte-americano Incredible Years, que se destina a dotar os adultos de conhecimentos que lhes permitam lidar de uma forma mais eficaz com estas crianças. A intenção de Van- da Pedrosa é alargar a intervenção aos pais. Com base na sua experiência de 14 anos no Centro de Saúde do Cartaxo, assegura que “faz toda a diferença quando as famílias colaboram e dão continuidade ao trabalho em casa”.
Dos 2 aos 8 anos
Este projeto prevê a intervenção junto de crianças dos 2 aos 8 anos, para produzir melhores resultados no futuro.
Formação em Coimbra
Os 12 a 15 cuidadores irão receber formação de Filomena Gaspar, da Universidade de Coimbra, ao longo de 15 meses, no próximo ano.
Financiamento
A intenção é dar continuidade a esta experiência-piloto, financiada em 30 mil euros pela Gulbenkian e em 30 mil euros pelo PL e pelas câmaras de Leiria e de Porto de Mós.