Empresa de padre vai controlar negócio da sidra na Calheta
O padre Rui Sousa tem uma empresa que vai criar a ‘Sidraria dos Prazeres’ e controlar o negócio da sidra na Calheta. O Governo Regional considera o projeto “estratégico” para a Região.
O padre Rui Sousa, conhecido por estar à frente do projeto Quinta Pedagógica dos Prazeres, é o único proprietário e gerente de uma empresa que vai agora explorar o mercado da sidra na Calheta.
A empresa, criada em 2016, designa-se ‘Mistérios da Quinta, Unipessoal, Lda’ e acaba de ver o seu projeto ‘Sidraria dos Prazeres’, um investimento “de cerca de 300 mil euros”, reconhecido pelo Governo Regional como estratégico para a Região. O objetivo deste projeto, que visa a construção e equipamento de uma sidraria na freguesia dos Prazeres, é concentrar todo o negócio da sidra do concelho da Calheta.
O Executivo regional alega, na resolução publicada quinta-feira, que reconhece o projeto como estratégico, que o investimento da ‘Mistérios da Quinta, Unipessoal,
Lda’ apresenta “interesse relevante para o aumento de valor e melhoria da capacidade competitiva da sidra regional com direito à utilização da Indicação Geográfica Protegida ‘Sidra da Madeira’.
O padre Rui Sousa, que de acordo com o site da Diocese do Funchal está colocado no Arciprestado da Calheta, nos Prazeres (Nossa Senhora das Neves) e no Estreito da Calheta (Nossa Senhora da Graça), candidatou o projeto da ‘Sidraria dos Prazeres’ ao Programa de Desenvolvimento Rural da Região Autónoma da Madeira (PRODERAM 2020). Parte do projeto é, por isso, financiado por fundos comunitários e a restante será preenchida com o recurso ao crédito. Ao JM, Rui Sousa evitou dizer o valor do empréstimo que contraiu ou pretende contrair para assegurar o investimento (ler texto ao lado).
Na resolução que reconhece o projeto estratégico, o Governo Regional considera que o investimento da empresa do padre “apresenta os requisitos técnicos mais indicados para esta agroindústria e uma capacidade que bastará à produção, presente e futura, de sidra no concelho da Calheta, podendo fácil e pragmaticamente, na contrapartida da prestação de um serviço público a acordar com a empresa ‘Mistérios da Quinta, Unipessoal, Lda.’, cumprir os objetivos prosseguidos com a criação da rede de sidrarias comunitárias promovida pelo Governo Regional”.
Este projeto – acrescenta - tem ainda a “vantagem de permitir rapidamente dar cobertura àquela importante área geográfica (Calheta) de produção de maçãs e pêros de variedades locais, bem como de dispensar o esforço financeiro da Região com os investimentos necessários”.
Com efeito, o Governo tem em marcha um projeto para a construção e equipamento de uma rede de sidrarias para uso comunitário, com o objetivo principal de dotar a Região de unidades modelares para a transformação de maçãs, pêros e, eventualmente de pêras, para a obtenção dos vários tipos de sidras e, quando possível, de vinagres de sidra e de outros géneros alimentícios à base destes produtos, a serem instaladas nas principais zonas da ilha da Madeira com mais arreigada tradição na produção da bebida.
Estas sidrarias serão unidades prestadoras de serviços aos agricultores, com o objetivo de ultrapassar as dificuldades que se colocam à produção e preparação para colocação no mercado das suas sidras, proporcionando-lhes condições e tecnologias adequadas.
No âmbito deste projeto, o Governo Regional pretende criar ainda uma Sidraria Central, a qual, além de conferir o necessário apoio laboratorial às sidrarias locais, disporá de equipamento mais evoluído para produzir sidras naturais mais elaboradas (método ‘charmat’ para sidra gaseificada, e método ‘champanhês’ para produzir sidra espumante), de uma engarrafadora/rolhadora/capsuladora mais sofisticada e adaptada a formatos especiais, bem como de capacidade de conservação e de armazenamento para apoio ao desenvolvimento/acabamento dos diversos “géneros” de sidra a obter.