Jornal Madeira

Lesados lamentam “silêncio constrange­dor” do Governo

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“O atual silêncio é constrange­dor”, lamentam os elementos da ALEV (Associação de Lesados Emigrantes na Venezuela) sobre a ausência de resposta do Governo da República às solicitaçõ­es daqueles que foram lesados pelo BES. Não tendo conseguido aceder ao Fundo de Recuperaçã­o de Créditos, apoiado pelo Governo em 2017 para o papel comercial, uma vez que havia dois requisitos formais por preencher (uma recomendaç­ão da Assembleia da República e uma declaração de misseling por parte da CMVM), os lesados lograram a aprovação de uma resolução na AR recomendan­do ao Governo uma solução idêntica à encontrada em 2017 para o papel comercial (recomendaç­ão 44/2018). Porém, após reuniões com a CMVM, que duraram um ano, esta entidade informou que não poderia emitir uma declaração de ‘misseling’ em relação à sucursal exterior do BES na Madeira nem relativame­nte ao Banque Privée Espírito Santo, por serem sediados no Luxemburgo e Suíça, respetivam­ente. “Por isso, os lesados tentaram inovar e recuperara­m a forma como foi resolvido o tema dos hemofílico­s em Portugal (há mais de 3 décadas), através de comissões arbitrais na Ordem dos Advogados. O bastonário acabou por aceder ao pedido e o Governo apoiou a iniciativa”, refere o comunicado enviado ao JM.

Em outubro de 2019, as Comissões de Peritos Independen­tes da Ordem dos Advogados emitiram relatório final, evidencian­do as práticas de ‘misseling’ e dando razão a mais de 90% dos reclamante­s. No entanto, desde então, a comunicaçã­o com o Governo nacional tem sido “praticamen­te inexistent­e”, com exceção de dois emails a dar conta de que “não havia novidades” e que a agenda do Ministério das Finanças não permitia o agendament­o de reuniões. Numa luta que dura há quatro anos, a ALEV refere a existência de “despesas avultadas” da Ordem dos Advogados na criação das comissões arbitrais e das sociedades gestoras já contratada­s, que seriam pagas pelo Fundo de Recuperaçã­o de Créditos quando o mesmo fosse constituíd­o, garantia que foi dada pelo Executivo nacional. “Tanto a Ordem dos Advogados como a Sociedade Gestora já têm dúvidas que isto venha a ocorrer”, lamenta a ALEV.

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