Jornal Madeira

Faleceu Helena Marques, autora de ‘O Último Cais’

- Por Catarina Gouveia catarina.gouveia@jm-madeira.pt

Aescritora e jornalista Helena Marques faleceu na noite de segunda-feira, aos 85 anos. Filha de madeirense­s, nasceu em Carcavelos, em 1935, tendo dedicado as suas décadas de vida profission­al ao jornalismo e à escrita, deixando à cultura uma herança de vários romances e livros de contos publicados, graças aos quais recebeu vários prémios literários ao longo da vida.

Foi jornalista durante trinta e seis anos, tendo iniciado a sua carreira no Diário de Notícias da Madeira e terminado no Diário de Notícias de Lisboa, onde foi diretora-adjunta (1968-1992). Foi também redatora de várias outras publicaçõe­s, nomeadamen­te A Capital, República e A Luta.

Aos 57 anos, publicou o seu primeiro romance, ‘O Último Cais’, um livro de estreia muito aclamado, com o qual conquistou vários galardões: o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Revista Ler/círculo de Leitores,

o Prémio Máxima de Revelação, o Prémio Procópio de Literatura e o Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa.

Num todo, Helena Marques publicou cinco romances e um livro de contos, todos editados pela Dom Quixote, do grupo editorial Leya.

A ‘O Último Cais’ seguiram-se os romances ‘A Deusa Sentada’ (1994), ‘Terceiras Pessoas’ (1998), ‘Os Íbis Vermelhos da Guiana’ (2002) e o livro de contos ‘Ilhas Contadas’ (2007). Três anos depois, em 2010, publicou o seu último livro, ‘O Bazar Alemão’, sendo que em 2013 veio a receber mais uma distinção, o Prémio Gazeta de Mérito.

A sua obra encontra-se traduzida em alemão, italiano, castelhano, grego, romeno e búlgaro.

Era mãe do editor Francisco Camacho, do grupo Leya, do jornalista Pedro Camacho, ex-diretor de Informação e atual diretor de Inovação e Novos Projetos da agência Lusa, do antigo jornalista Paulo Camacho e da tradutora Joana Camacho.

Uma “notável ficcionist­a”

Foram várias as personalid­ades regionais e nacionais a recordar a vida e obra de Helena Marques com o anúncio da sua partida.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte da escritora salientand­o que o seu percurso marcou “a crescente presença das mulheres no jornalismo português e o triunfo, a seu tempo, de uma vocação antiga”.

Também a lamentar publicamen­te a morte desta “notável ficcionist­a” esteve a ministra da Cultura, Graça Fonseca, que referiu que esta nos deixa “um relevante legado, feito em exemplo e obra, em que a criativida­de e a luta pela igualdade foram elementos centrais”.

Ao nível regional, a Assembleia Legislativ­a da Madeira fez ontem um minuto de silêncio pela morte da escritora sendo que o presidente do parlamento madeirense, José Manuel Rodrigues, manifestou o seu “profundo pesar” numa nota enviada às reações.

O grupo parlamenta­r do PSD-M apresentou um voto de pesar, “enaltecend­o o seu incalculáv­el contributo para o jornalismo e para a literatura em Portugal”. Já o PS-M manifestou igualmente o seu “mais profundo pesar” desta que foi “uma das escritoras portuguesa­s consagrada­s”.

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