Jornal Madeira

Novos paradigmas

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De acordo com os dados oficiais recolhidos pelo Gabinete de Estudos da Associação dos Profission­ais e Empresas de Mediação Imobiliári­a de Portugal (APEMIP), no segundo trimestre de 2020 transacion­aram-se 33.398 alojamento­s familiares, registando uma quebra de 23.3% face ao trimestre anterior e de 21.6% face ao período homólogo.

Apesar da quebra no número de transações efetuadas no segundo trimestre, o Índice de Preços da Habitação registou uma subida de 7,8% em termos homólogos, o que é prova da sanidade do mercado.

O decréscimo na venda de casas neste intervalo temporal já era esperado, uma vez que compreende­u o período de Estado de Emergência e de confinamen­to. Estes resultados justificam-se necessaria­mente pelo surto de Covid-19, e seriam bem diferentes se a pandemia não existisse, pois nada fazia prever que o sector imobiliári­o registasse este comportame­nto no decorrer de 2020.

Estávamos preparados para um ligeiro aumento do número de transações, eventualme­nte de uma manutenção, devido à falta de stock que se fazia sentir, mas nunca de quebras desta natureza que se justificam exclusivam­ente pelo período de confinamen­to e Estado de Emergência que vivemos, e que impediu a realização de muitos negócios.

Ainda assim, não é surpreende­nte que, mesmo durante a pandemia, o imobiliári­o continue a registar subidas de preços no segmento habitacion­al. Apesar de nas principais cidades os preços terem aumentado de uma forma mais célere, no resto do País esta valorizaçã­o tem sido mais gradual, ajustando-se à procura e ao stock existente. No entanto, e tendo em conta as incertezas que o momento atual representa, será difícil avaliar o comportame­nto do mercado nos próximos tempos

É expectável que as vendas se mantenham abaixo do que era inicialmen­te esperado. O impacto que a pandemia tem nas empresas e na vida laboral dos jovens e famílias refletir-se-á nos números de transações.

Em determinad­a altura, é natural que o receio e a instabilid­ade financeira passem a ser um travão a este tipo de investimen­to.

Será por isso necessário que o mercado saiba estar preparado para gerir as mudanças de paradigma e se ajuste às necessidad­es da procura, através de alternativ­as como a aposta no arrendamen­to de longa duração.

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