Guardas-noturnos dispensados
O encerramento de espaços comerciais tem levado à quebra de contratos de vigilância com os guardas-noturnos. Profissionais pedem mais atenção do Governo e das Câmaras.
Há quase um ano que a Madeira vive sob medidas restritivas e sem o número de turistas que chegue para fazer funcionar a economia de forma mais desafogada.
Muitos estabelecimentos comerciais já fecharam portas e muitos outros começam a ponderar fazê-lo, caso a situação pandémica se prolongue por mais tempo.
Uma das profissões que se tem ressentido com esta realidade é a dos guardas-noturnos.
Embora a criminalidade esteja a ganhar terreno a cada dia – com as ruas desertas logo ao cair da noite – curiosamente, os primeiros serviços a serem dispensados pelos proprietários de espaços comerciais ou de restauração são os da segurança noturna. Estes dizem não ter dinheiro para pagar o serviço e preferem suspendê-lo temporariamente.
O pedido de suspensão do serviço, segundo Marco Dias, guarda-noturno há cerca de oito anos na zona de Santo Amaro, é acompanhado muitas vezes de mágoa e tristeza. Os donos dos estabelecimentos desistem do serviço porque, simplesmente, deixaram de ter receitas suficientes para o pagar.
Marco Dias diz que compreende e garante até que não os “deixa na mão”, isto é, há situações em que, mesmo sem contrato, continua a fazer a vigilância noturna. São clientes pelos quais guarda muito respeito, até porque, argumenta, “estes nunca lhe falharam no passado”.
“Temos de pensar que nós todos estamos na mesma luta”, afirma, salientando que o momento é de “nos ajudarmos uns aos outros”.
Esperando por dias melhores – até porque já assistiu, nos últimos tempos, a situações de superação e recuperação de contratos antigos –
Marco Dias admite que, atualmente, o panorama regional, ao nível da sua profissão, não é muito animador.
Salva-o os novos clientes que, entretanto, vão surgindo, a maioria proprietários de moradias que se dizem sentir mais inseguros agora.
O aumento da criminalidade, sobretudo no concelho do Funchal, é uma realidade e esse facto é gerador de medo e insegurança.
Marco Dias garante, a este respeito, que “quem está a roubar são sempre os mesmos” e desengana-se quem pensa que são pessoas que trabalhavam e que, entretanto, ficaram desempregadas.
O que acontece, explicou, é que “está mais fácil para roubar”. “Às sete da noite já não está ninguém na rua”, lembrou.
É neste sentido que lamenta não poder fazer mais e melhor, confessando sentir-se discriminado pelo Governo no que concerne à sua atividade. “Queremos fazer melhor e não podemos porque, se o fizermos, cortam-nos logo as pernas”, denuncia.