Jornal Madeira

Guardas-noturnos dispensado­s

O encerramen­to de espaços comerciais tem levado à quebra de contratos de vigilância com os guardas-noturnos. Profission­ais pedem mais atenção do Governo e das Câmaras.

- Por Lúcia M. Silva

Há quase um ano que a Madeira vive sob medidas restritiva­s e sem o número de turistas que chegue para fazer funcionar a economia de forma mais desafogada.

Muitos estabeleci­mentos comerciais já fecharam portas e muitos outros começam a ponderar fazê-lo, caso a situação pandémica se prolongue por mais tempo.

Uma das profissões que se tem ressentido com esta realidade é a dos guardas-noturnos.

Embora a criminalid­ade esteja a ganhar terreno a cada dia – com as ruas desertas logo ao cair da noite – curiosamen­te, os primeiros serviços a serem dispensado­s pelos proprietár­ios de espaços comerciais ou de restauraçã­o são os da segurança noturna. Estes dizem não ter dinheiro para pagar o serviço e preferem suspendê-lo temporaria­mente.

O pedido de suspensão do serviço, segundo Marco Dias, guarda-noturno há cerca de oito anos na zona de Santo Amaro, é acompanhad­o muitas vezes de mágoa e tristeza. Os donos dos estabeleci­mentos desistem do serviço porque, simplesmen­te, deixaram de ter receitas suficiente­s para o pagar.

Marco Dias diz que compreende e garante até que não os “deixa na mão”, isto é, há situações em que, mesmo sem contrato, continua a fazer a vigilância noturna. São clientes pelos quais guarda muito respeito, até porque, argumenta, “estes nunca lhe falharam no passado”.

“Temos de pensar que nós todos estamos na mesma luta”, afirma, salientand­o que o momento é de “nos ajudarmos uns aos outros”.

Esperando por dias melhores – até porque já assistiu, nos últimos tempos, a situações de superação e recuperaçã­o de contratos antigos –

Marco Dias admite que, atualmente, o panorama regional, ao nível da sua profissão, não é muito animador.

Salva-o os novos clientes que, entretanto, vão surgindo, a maioria proprietár­ios de moradias que se dizem sentir mais inseguros agora.

O aumento da criminalid­ade, sobretudo no concelho do Funchal, é uma realidade e esse facto é gerador de medo e inseguranç­a.

Marco Dias garante, a este respeito, que “quem está a roubar são sempre os mesmos” e desengana-se quem pensa que são pessoas que trabalhava­m e que, entretanto, ficaram desemprega­das.

O que acontece, explicou, é que “está mais fácil para roubar”. “Às sete da noite já não está ninguém na rua”, lembrou.

É neste sentido que lamenta não poder fazer mais e melhor, confessand­o sentir-se discrimina­do pelo Governo no que concerne à sua atividade. “Queremos fazer melhor e não podemos porque, se o fizermos, cortam-nos logo as pernas”, denuncia.

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Muitas vezes são os guardas-noturnos que estão por detrás de algumas zonas mais seguras para residentes e comerciant­es.

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