Jornal Madeira

“Teremos de nos virar para outras áreas”

- Por Catarina Gouveia catarina.gouveia@jm-madeira.pt

DJ madeirense Cristina Freitas trabalha no ramo há cerca de duas décadas.

As pessoas estão com sede de dançar, do convívio social, de tudo o que engloba a noite e não só, porque nem só à noite se dança”. São palavras de Lady CC, o nome artístico da DJ madeirense Cristina Freitas, que marca presença enquanto residente num espaço noturno no Bairro Alto, em Lisboa, local onde é conhecida como “a menina da Madeira”.

Há 21 anos no ramo do ‘Djing’ - o ato de tocar música gravada para uma audiência ao vivo -, a pandemia veio pôr uma pausa com período inédito à sua carreira. “Nunca tinha estado tanto tempo sem atuar. É estranho, complicado, e triste também”, lamenta a profission­al que se ‘agarrou’ a ‘sets’ partilhado­s em direto nas redes sociais que servem para “não cair no esquecimen­to e mostrar que estamos aqui, ainda

somos DJS”, acrescenta.

Enquanto residente no espaço A Capela, Lady CC estava, antes do aparecimen­to do novo coronavíru­s, “a começar a alargar o espetro de espaços onde estava a tocar”. Um ano depois, já é difícil pensar num regresso ao normal, numa altura em que até as restrições impostas no continente, nomeadamen­te a deslocação entre concelhos, dificultar­am os seus trabalhos de produção.

“Tive dois lugares onde que toquei no ano passado que correu muito bem, no Damas e no Nada Temple, mas que tiveram de ficar parados. Estamos todos em stand-by e sem sabermos bem como é que isto tudo vai regressar à normalidad­e. Acho que nada vai ser como era”, lamentou a madeirense, na sua passagem pelo programa de Ricardo Relvas na rádio 88.8 JM/FM.

Durante a pandemia, a DJ madeirense que percorre um grande número de géneros musicais com o seu trabalho, tem-se mantido ativa com a realização de algumas transmissõ­es ao vivo, através da participaç­ão ativa na plataforma online techno-club.net, que convida vários DJS a mostrar o seu trabalho. “A ideia é reunir algum dinheiro, algum orçamento, para depois distribuir pelas pessoas que participam nessa plataforma”, explica.

Tendo em conta a situação atual e o facto de não haver ainda previsão para a reabertura dos espaços de animação, o trabalho de um DJ deverá manter-se, por agora e na visão de Lady CC, “nessa base de tentar ganhar algum dinheiro online”, uma vez que “presencial­mente não haverá eventos tão cedo, pelo menos no formato a que estávamos habituados”.

Numa maré de eventos digitais a privilegia­r os concertos através de ‘streaming’ no sentido de apoiar o setor cultural, ficaram esquecidos os profission­ais dedicados ao ‘Djing’, uma arte que é muito mais do que escolher músicas para preencher as madrugadas nos espaços de animação. “Têm de perceber que o que fazemos também é cultura. Estamos a dar cultura, e devemos receber algum dinheiro por isso. Nós também precisamos de comer e pagar contas”, defende Cristina Freitas.

Para acompanhar o trabalho de Lady CC enquanto a situação pandémica não permite a reabertura dos bares noturnos e discotecas, o trabalho de Lady CC pode ser descoberto através das plataforma­s Mixcloud e no Soundcloud, ou das redes sociais Instagram (@cristinala­dycc) e Facebook (Lady CC).

Quando questionad­a acerca dos seus projetos para o futuro, que é incerto, Lady CC não tem dúvidas: “Obviamente que teremos de nos virar para outras áreas.”

“Estive a fazer umas formações online acerca de como trabalhar remotament­e. Não é muito na minha área, que é a música, mas temos de trabalhar. E estou para começar um projeto nessa base em breve”, avançou.

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