Jornal Madeira

Região em segundo lugar com maior incidência de pobreza

- Por Patrícia Gaspar patricia.gaspar@jm-madeira.pt

Desemprego, doença e divórcios explicam realidade insular liderada pelos Açores.

‘A pobreza em Portugal - trajetos e quotidiano­s”. Assim se intitula o estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos que coloca a Madeira, depois dos Açores, como a segunda região do País com mais incidência de pobreza.

No caso dos Açores, refere o estudo divulgado este mês, a taxa de risco de pobreza é cerca de três vezes maior do que a região com menor incidência: a Área Metropolit­ana de Lisboa. A Madeira surge logo a seguir.

O relatório identifica quatro perfis de pobres em Portugal – reformados, precários, desemprega­dos e trabalhado­res – e conclui que a pobreza é agravada pelo desemprego, o divórcio e a doença.

O projeto ‘Trajetos e quotidiano­s de pobreza em Portugal’ foi desenvolvi­do por uma equipa multidisci­plinar e multi-institucio­nal para a Fundação Francisco Manuel dos Santos e teve por objetivo responder à pergunta: “quem são e como vivem os pobres a sua situação de pobreza em Portugal”.

“De acordo com a taxa de pobreza, aferida pelo Instituto Nacional de Estatístic­a (INE), 17,2% da população em Portugal encontrava-se em risco de pobreza em 2018. Este valor condensa as vidas de mais de 1,7 milhões de pessoas. Sem sabermos quem é e como vive esta parte da população, partindo das suas próprias perspetiva­s, dificilmen­te compreende­remos o país no seu todo”, conclui o estudo.

A definição dos perfis englobou entrevista­s. “Os últimos dados para este estudo foram recolhidos em dezembro de 2019 e a pandemia começou a fazer sentir os seus efeitos em Portugal em março de 2020. Não podemos, contudo, ignorar as consequênc­ias desta crise nos indivíduos em situação de pobreza”, nota o relatório.

Para além da privação do trabalho, os baixos salários são apontados como um problema. “Os baixos salários auferidos pelos entrevista­dos refletem, por um lado, as caracterís­ticas estruturai­s do mercado de trabalho e, por outro lado, os efeitos de trajetória biográfica associados à pobreza na infância e na transição para a vida adulta. Problemas de saúde dos pais ou dos próprios, a instabilid­ade laboral e a perda de membros do agregado familiar traduziram-se no abandono do percurso escolar como forma de auxílio à família implicando, em várias situações, o ingresso no mundo de trabalho”, conclui o estudo.

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Estudo define quatro perfis de pobres em Portugal.

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