Cancro da mama gera 200 casos por ano
O cancro da mama está a aparecer, cada vez mais, em mulheres mais jovens e, apesar da alta taxa de sobrevivência, pode ser mortal se for detetado numa fase tardia.
A doença atinge todos os anos cerca de 200 vítimas na Madeira. Apesar da elevada taxa de sobrevivência, o cancro da mama pode ser mortal e atinge cada vez mulheres mais jovens
Na Madeira são diagnosticados, anualmente, cerca de 200 novos casos de cancro da mama e, curiosamente, estão a surgir em mulheres cada vez mais novas.
Este número é avançado por Joaquim Vieira, diretor do serviço de Ginecologia/obstetrícia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, que, ao JM, admite que o número tem vindo a aumentar aos poucos, sobretudo se for comparado com os valores que eram apresentados há seis anos e que rondavam sensivelmente os 170 novos casos anuais.
Lembra, a respeito, que a incidência na Madeira acompanha a tendência de crescimento que se regista atualmente ao nível mundial, continuando a ser este o principal cancro que atinge as mulheres.
Se, há duas décadas, a taxa de so
brevivência deste tipo de cancro rondava os 60% ao fim de cinco anos, hoje em dia, revela o médico, graças aos avanços da medicina, mas também dos rastreios, esta mesma taxa anda à volta dos 85%.
Joaquim Vieira explica que os can
cros são encontrados ainda numa fase muito inicial, o que acaba por significar “mais facilidade de tratamento, menos mutilação das doentes (deixando de ser necessário a mastectomia) e menos tratamentos agressivos, como é a quimioterapia”.
“Aqui na Madeira temos o rastreio que começou exatamente quando começou o primeiro rastreio nacional, há 22 anos, em Coimbra”, recorda o especialista, congratulando-se com o facto de a nossa Região conseguir controlar este rastreio de “forma eficaz”.
Um mérito não só do Serviço Regional de Saúde, mas também das próprias mulheres, como Joaquim Vieira faz questão de ressalvar: “As pessoas aceitam e aderem muito bem ao estudo gratuito da mama”.
Na Região, recorde-se, os rastreios à mama fazem-se a todas as mulheres a partir dos 45, até aos 69 anos de idade. Ao nível nacional, revela Joaquim Vieira, fazem-se a partir dos 50 anos, o que, na sua opinião, “é uma medida economicista para não gastar dinheiro na saúde”.
E desengane-se se pensa que as mamografias devem terminar aos 69 anos.
“Uma coisa é o rastreio organizado e programado, outra coisa é o que todas as mulheres devem fazer”, afirma o médico, deixando o conselho: “Todas as mulheres acima dos 70 anos devem continuar a fazer mamografias. Se não tiverem risco familiar, nem patologia, devem fazer o rastreio de dois em dois anos. Se tiver patologia associada ou risco familiar confirmado deve fazê-lo todos os anos”.
Surge cada vez mais cedo
A par do crescente aumento do número de novos casos, há uma outra tendência que começa a se evidenciar no que diz respeito ao cancro da mama. A doença começa a aparecer em mulheres cada vez mais jovens, uma realidade que, segundo Joaquim Vieira, poderá ter diversas origens, embora pese bastante os estilos de vida e a exposição a fatores de risco.
Além disso, e já de uma forma mais abrangente, o médico recorda que vivemos cada vez mais e que, só por isso, é normal que surjam, já no final da vida, mais casos de cancro.