Jornal Madeira

CDS acusado de financiame­nto ilegal

O líder do CDS e pessoas da “sua confiança” receberam quantias nas suas contas pessoais de um empréstimo ao CDS por parte de César do Paço, o conhecido financiado­r do Chega. A informação foi veiculada através de uma reportagem ontem à noite da SIC.

- Por Alberto Pita/carla Sousa redacao@jm-madeira.pt

Rui Barreto e outros dirigentes do Cds-madeira receberam cerca de 30 mil euros de um alegado financiado­r do Chega, antes das eleições regionais de 2019. A notícia, ontem avançada pela SIC e o Expresso, levou o partido a explicar que se tratou de um empréstimo legal e que já devolveu “cêntimo a cêntimo”.

Caiu como uma bomba a notícia de que o líder do Cds-madeira, Rui Barreto, recebeu diretament­e na sua conta bancária e na de outros quatro membros do partido 29.880 euros provenient­es de César do Paço, o conhecido financiado­r do Chega.

A informação surgiu ontem à noite na reportagem da SIC ‘A grande ilusão’, a que o Expresso logo depois deu expressão, num extenso artigo onde aponta o caminho do dinheiro, que surgiu em forma de 'empréstimo' concedido a escassas semanas das eleições regionais que levaram o CDS ao Governo de Miguel Albuquerqu­e.

De acordo com o Expresso, César do Paço, ex-cônsul de Portugal em Cabo Verde e conhecido financiado­r do Chega, “financiou parte da campanha eleitoral do CDS-Madeira em 2019, altura em que o PSD perdeu a maioria absoluta e os centristas entraram no Governo”.

O jornal refere que o financiame­nto se deu por via de transferên­cias diretas para a conta bancária de Rui Barreto, líder do CDS na Madeira, e de mais quatro membros do partido, num total de 29.880 euros”.

Terão sido várias transferên­cias diretas no “valor aproximado de cinco mil euros não só para a conta de Rui Barreto como também para a de Gonçalo Nuno Santos, adjunto de Rui Barreto na Secretaria Regional de Economia, que recebeu duas vezes em duas contas distintas, e para a de outras três pessoas ligadas ao partido que o próprio líder do CDS descreve, em respostas à SIC, como pessoas da sua ‘maior confiança’”. Os outros três elementos terão sido Luís Filipe Santos, Gonçalo Camacho e Vítor Barreto.

O Expresso acrescenta que as quantias foram transferid­as “um dia depois de Rui Barreto ter conhecido, em Lisboa, César do Paço”, que chegou a ser militante e assumido financiado­r (através de donativos) do CDS, como escreveram as revistas ‘Visão’ e ‘Sábado’.

Dificuldad­es financeira­s

O encontro aconteceu a 6 de agosto de 2019, a seis semanas das eleições na Madeira, e as transferên­cias foram feitas no dia seguinte, revelou a SIC na reportagem. Em julho de 2020, o advogado de

César do Paço enviou um email a Rui Barreto, a que a SIC teve acesso, a exigir a devolução da quantia.

“Por essa altura, o CDS passava por dificuldad­es financeira­s na Madeira e tinha pedido, sem sucesso, um empréstimo à Caixa de Crédito Agrícola. A campanha fez-se e o CDS, vendo o PSD a perder a maioria absoluta nas sondagens, colocou-se como o fiel da balança afirmando, taxativame­nte, que estava disponível para se coligar no Governo com quem ganhasse - para evitar o ‘poder absoluto’”, relata ainda o jornal.

Conta o Expresso que para ser um donativo legal ao CDS, o montante transferid­o não podia ser superior a 10.400 euros e, no caso, o montante correspond­e quase ao triplo. “Em respostas à

SIC, Rui Barreto afirma que foi, de facto, um empréstimo, aconteceu porque o partido estava com dificuldad­es financeira­s nas vésperas das eleições e o empresário ofereceu-se para ajudar”.

Dez dias após questões da SIC

Mas o dinheiro não entrou “nas contas do partido mas sim nas contas pessoais do líder do CDS-MAdeira, do presidente da concelhia e de mais três pessoas próximas de Barreto, incluindo familiares”.

Questionad­o sobre o porquê de o empréstimo não ter sido logo pago quando as contas do partido foram regulariza­das, nomeadamen­te após as eleições, Rui Barreto escudou-se na pandemia e no facto de o advogado de César do Paço ter “desapareci­do”.

“Certo é que o pagamento acabou por ser feito mas apenas dez dias depois de a SIC ter feito as questões ao líder do CDS- Madeira”, acrescenta.

O empréstimo foi feito a título pessoal, sem juros, em agosto de 2019; as eleições decorreram em setembro e a devolução do dinheiro foi feita em fevereiro de 2021, já depois das perguntas do jornalista”.

PS M quer explicaçõe­s

Entretanto, em comunicado, o PS-Madeira defendeu ontem que Rui Barreto e o CDS devem explicaçõe­s aos madeirense­s”, perante “uma situação gravíssima e que exige um esclarecim­ento imediato, cabal e rigoroso sobre o relacionam­ento entre o principal financiado­r do Chega e o líder do Cds-madeira”.

O PS considera ainda que, além de Barreto, “o próprio presidente do Governo Regional deve uma explicação aos madeirense­s. É fundamenta­l perceber se Miguel Albuquerqu­e e o Governo que lidera se reveem neste tipo de comportame­nto”, pode ler-se no comunicado, onde acrescenta que “desenvolve­rá as ações políticas e jurídicas que considerar necessária­s para o total esclarecim­ento da situação”.

 ??  ??
 ??  ?? Segundo a SIC, o financiame­nto deu-se por via de transferên­cias diretas para a conta de Rui Barreto.
Segundo a SIC, o financiame­nto deu-se por via de transferên­cias diretas para a conta de Rui Barreto.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal