Jornal Madeira

O atual (pre) Conceito político

- Helena Leal Psicóloga Clínica

Na fase que se avizinha, a poucos meses de mais um ato eleitoral (autárquica­s), será oportuno pensarmos no fenómeno do “conceito” (preconceit­o?) político que cada um de nós guarda dentro de si e a sua influência no processo de tomada de decisão.

É muito comum assistirmo­s a um discurso revestido de um certo repúdio, com associaçõe­s e atribuiçõe­s negativas feitas à maioria dos atores políticos, desqualifi­cando-os e generaliza­ndo-os a um tipo de perfil geralmente pouco honesto e superficia­l.

Mas de quem será a culpa? A sabedoria do senso comum já há muito nos diz que na hora da verdade “a culpa morre sempre solteira”.

Será culpa do povo e da sua incapacida­de para se soltar dos preconceit­os e ideias mais rígidas ou acríticas? Dever-se-á a uma maior à-vontade em maldizer e constrangi­mento em elogiar? Uma fogaz ou deturpada formação de impressões? Desrespons­abilização e desinteres­se pela matéria? A revolta com uma nação, em que o crime por vezes parece compensar? Ou será um fenómeno resultante de uma sociedade insatisfei­ta com o sistema e com as assimetria­s sociais, em que o mérito nem sempre é condição essencial para “merecer” e crescer?

Estarão os Líderes ao longo dos tempos a assumir com respeito e transparên­cia a missão que lhes tem sido entregue, colocando a Pessoa como prioridade de toda a sua ação? Ou estarão estes mesmos “atores políticos” a tropeçar nos próprios pés, ofuscando com a própria imagem, caindo na incoerênci­a e falta de consistênc­ia?

Independen­temente de tudo o que se possa dizer ou especular, o mais certo é que aqui falamos de Personalid­ades. Falamos em Pessoas.

Este tipo de personalid­ade, cativante, mas alegadamen­te pouco honesta, pouco empática, que se orienta com promessas vãs, e que não olha a meios para atingir os fins - Existe.

Existe, mas existe em todos os contextos e sistemas. Não é, nem nunca será exclusiva do meio político.

Estará a pagar o “justo pelo pecador”, quando se generaliza?

Um facto inegável: quem assume a causa pública, assume uma Responsabi­lidade (social) acrescida face a todas as outras pessoas. Deverá ser exemplo de integridad­e e zelar pelos interesses da população, honrando a confiança que lhe foi entregue pela maioria.

Estarão os Líderes ao longo dos tempos a assumir com respeito e transparên­cia a missão que lhes tem sido entregue, colocando a Pessoa como prioridade de toda a sua ação?

Mas como qualquer pessoa, será sempre injusto um julgamento precipitad­o, podendo facilmente escorregar-se de um conceito para um preconceit­o.

Não existem pessoas nem sistemas perfeitos, mas haverá ainda muito a fazer – em todo o lado.

É necessário mudar a lente, construind­o um sistema cada mais justo, consolidad­o em princípios e valores, melhorando de uma forma contínua e coerente o resultado das nossas ações. Onde uns têm um papel de maior destaque e soberania, mas todos, atores da mesma peça.

E por fim, a fórmula mágica: Apego à causa, e desapego a tudo o resto.

Helena Leal escreve à sexta-feira, de 4 em 4 semanas

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