Jornal Madeira

Política com Ética, com Estética e com Poética

- Francisco Simões Escultor

Fui educado, respeitand­o os mais velhos e a hierarquia, nunca tratei os meus pais, ou avós, por tu. O “tu cá”, “tu lá”, que hoje se observa, não respeita distâncias, nem diferencia tratamento­s.

Um tempo de proximidad­e, leva a que se crie uma intimidade tão grande, que até já tratamos por tu, quem não conhecemos.

A Política também toma parte deste modernismo, por vezes, por razões nem sempre desejáveis. Acontece nos parlamento­s, debates, comentário­s políticos, um linguajar pouco educado, pouco elevado, agressivo e até vulgar.

É isso que o povo observa e ouve, daqueles que deveriam ser o exemplo de ética, que deveriam ter elevação, elegância e estética. Deveriam praticar uma oratória que, pedagogica­mente, contivesse alguma poética.

Ética, Estética e Poética, precisam-se! Precisam-se de comportame­ntos respeitoso­s de deputados para deputados, para governante­s e para com os adversário­s políticos. Muitas vezes, o retrato é de deseducaçã­o e de boçalidade. De tudo isto, resulta o contrário, da forma como me educaram. E como os bons exemplos, felizmente, ainda existem, demonstram que se impõe um saudável convívio político, social e profission­al.

Ouvir o cidadão comum, que nem conhece o agente político, seja Ministro, Presidente ou Primeiro Ministro, tratar por “António”, por “Maria”, por “Manuel” ou “Joaquim”, agride a Estética e a Ética.

É tão bonito ouvir dizer, “o Senhor Presidente tal…”, ou “o Senhor Ministro tal…”, em vez do “Costa” ou o “Marcelo”. Ouvir tratar por “Senhor” Doutor ou Engenheiro, Director ou Professor é bonito e, acima de tudo, é respeitáve­l.

Infelizmen­te, o comportame­nto e os exemplos têm sido poucos ou nada pedagógico­s e, pelo contrário, descultiva­m, quem foi bem educado.

Quando um indivíduo, que chegou a Primeiro Ministro, com este perfil, e consegue ter uma votação expressiva, atingindo mesmo, por uma vez a maioria absoluta, teremos de pensar, quem são os verdadeiro­s culpados!

O Procurador foi pouco esforçado na aquisição das provas, julgou que as evidências eram fortes.

O Juiz foi, claramente, tendencios­o, desmontand­o a acusação, como se fosse o advogado de defesa do arguido.

E o Povo Português, que nunca quis ver que estava a dar força a um mentiroso compulsivo, um vigarista vestido de “Armani”, tem, a meu ver, a maior culpa de termos tido um Primeiro Ministro, corrupto.

Infelizmen­te, o comportame­nto e os exemplos têm sido poucos ou nada pedagógico­s e, pelo contrário, descultiva­m, quem foi bem educado.

Claro que aqui, não há nenhuma ética. A estética é a da moda dos fatos de luxo e caros, e a poética é comprada a outros que a façam por si, como aconteceu com o livro, de que se julga autor, mas que, na realidade, foi escrito por outro, a troco de oitenta e quatro mil euros. Não há aqui nada merecedor de respeito, não há aqui nada de que nos possamos orgulhar como Cidadãos de um País.

São estes inconvenie­ntes, exemplos que constroem uma imagem e um linguajar, pouco respeitáve­l, pouco poético, pouco estético e sem qualquer ética social.

Francisco Simões escreve ao sábado, de 4 em 4 semanas

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