Cultura madeirense volta à rua
Projeto de investigação e criação teatral que viajou pela temática da emigração na voz dos que ficaram para trás é uma criação de Ricardo Brito, com os atores João Paiva, José Gregório Rojas e Sara Cíntia.
Iniciativa marcada para a próxima quarta-feira Peça ‘Os qu’emigraram’ estreia quinta-feira, no Baltazar Dias, com lotação máxima de cinco pessoas.
Opalco do Teatro Municipal Baltazar Dias (TMBD) recebe, nos dias 22 e 24 de abril, o espetáculo ‘Os qu’emigraram’. Trata-se de um projeto de investigação e criação teatral da autoria de Ricardo Brito, com um elenco composto por João Paiva, José Gregório Rojas e Sara Cíntia, que partiu do absorver de relatos da emigração madeirense, na visão daqueles que por cá ficaram. A composição musical é de Márcio Faria, a cenografia de Fátima Spínola e os figurinos de Cristiana Nunes.
“Partindo de uma recolha de testemunhos junto daqueles que ficaram, deixando os olhos postos no m(ar), propomos uma viagem pelo mais íntimo das veredas e caminhos desta terra fértil, tentando perceber o que dela brota, se ainda restam razões para sorrir... mesmo que no mais recôndito impasse”, explica a sinopse deste projeto, que procurou perceber como se define este território em que habitamos, “de sonho para quem o escolhe”, mas tão “sem ilusões para... ‘Os qu'emigraram’”.
Para procurar respostas, a equipa que compõe o projeto desenvolveu, durante vários meses, um trabalho no terreno, recolhendo uma multiplicidade de testemunhos de porta em porta, entre ruas de toda a parte, com maior incidência nas freguesias da zona oeste.
Após alguns adiamentos, na esperança de que a pandemia desse tréguas, ou de que fosse retomada a normalidade na lotação das salas de espetáculo na Região, a peça irá mesmo estrear adequada a todos os condicionalismos impostos, na impossibilidade de proceder a um novo reagendamento.
São cerca de oito meses de trabalho, que culminam numa estreia tão amarga quanto determinada em três sessões, que apenas poderão ser assistidas por um total de 15 pessoas. A primeira acontece às 11 horas da próxima quinta-feira, e as restantes às 11 e 15 horas de sábado, 24 de abril. “Fazemos para cinco pessoas com um tremendo amargo de boca, mas absolutamente focados em fazer as três sessões com dignidade e prazer em partilhar o que foi a nossa experiência em
todo este processo que se iniciou em setembro de 2020”, assegura o produtor, Ricardo Brito.
O criador do projeto sublinha que, no impasse de levar a concretização deste projeto até ao público, acomodar-se nunca foi uma opção. “Tentámos manter a consciência em relação ao processo e às conquistas. Tendo sido uma construção em processo, que muito material gerou, tivemos de saber abdicar de algumas coisas em função daquilo que entendemos ser a melhor experiência possível para o público”, explica.
O projeto em coprodução com o Teatro Municipal Baltazar Dias conta com a parceria institucional da República Portuguesa, através do Ministério da Cultura, e tem como ‘media partners’ o JM e a rádio 88.8 JM FM.