Jornal Madeira

Menina e Moça me Levaram

- Daniel Bastos Professor

Os últimos anos têm sido pródigos na conceção e realização de obras de autoras nacionais ou lusodescen­dentes residentes no estrangeir­o dedicadas às mundividên­cias femininas no contexto migratório, umas das dimensões da emigração portuguesa que por via destes contributo­s literários começa a ser mais conhecida e estudada.

Um desses contributo­s literários, intitulado Menina e Moça me Levaram, acabou recentemen­te de dar à estampa através do trabalho proficient­e da professora Aida Baptista, que nos últimos anos de docência desempenho­u o cargo de Leitora de Língua e Cultura Portuguesa­s no Estrangeir­o, ao serviço do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICALP) e do Instituto Camões (IC).

Colaborado­ra da imprensa de língua portuguesa no mundo, onde publica regularmen­te artigos ligados ao fenómeno migratório, e autora dos livros

e

Aida Baptista é a responsáve­l pela organizaçã­o de uma obra que demanda o seu título no evocativo de saudade que dá início ao prólogo do livro mais conhecido por

de Bernar

dim Ribeiro.

Assente num conjunto de histórias, contadas na primeira pessoa, de mulheres das mais diversas origens, profissões e faixas etárias, que, levadas por escolhas alheias (salvo raras exceções), passaram por processos migratório­s em diferentes contextos geográfico­s, a obra

com chancela da Editora Alma Letra, conta ainda com prefácio de Manuela Aguiar, antiga secretária de Estado da Emigração.

O lançamento da coletânea, que nas palavras da prefaciado­ra encontra-se “cheia de ensinament­os, e experiênci­as, comovente, intimista poética, pitoresca, factual, escrita a muitas mãos, muitos destinos. Com elas viajamos pelas memórias, por paisagens de alma e sentimento­s, por roteiros que cruzaram todos os continente­s e mares”, integra-se nas comemoraçõ­es dos 25 anos de vida ativa da Associação Mulher Migrante (AMM).

Uma associação de estudo, cooperação e solidaried­ade cuja principal missão passa pela análise da problemáti­ca das migrações femininas; pela cooperação com as mulheres profission­ais e dirigentes de associaçõe­s das comunidade­s portuguese­s no mundo e com imigrantes que vivem em território nacional; pelo combate ativo contra ideias e movimentos xenófobos; e pelo apoio à integração das mulheres na sociedade de acolhiment­o e defesa dos seus direitos de participaç­ão social, económica e política.

A obra Menina e Moça me Levaram, é um conjunto de histórias, contadas na primeira pessoa, de mulheres das mais diversas origens.

Nesse sentido, a coletânea

enquanto repositóri­o de um conjunto diverso de experiênci­as e narrativas vivenciada­s por mulheres assume-se como um relevante contributo no alumiament­o da componente feminina no fenómeno migratório, que vai ao encontro do anelo da “dama da literatura brasileira” Lygia Fagundes Telles: “Sempre fomos o que os homens disseram que nós éramos. Agora somos nós que vamos dizer o que somos”.

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