Família acusa SESARAM de falta de assistência
Segundou relatou a filha do paciente ao JM, as idas às urgências têm sido frequentes, mas respostas muito poucas, já que, até ao momento, ainda não é conhecido o diagnóstico.
Embora no último ano e meio a covid-19 tenha assumido a linha da frente das preocupações dos profissionais de saúde e da população em geral, outros problemas não deixaram de exigir tratamento urgente. Isso mesmo sublinha Isabel Sousa, que há vários meses procura respostas junto do Serviço Regional de Saúde (SESARAM) para o problema de saúde que o seu pai enfrenta há já um ano e do qual tem piorado significativamente desde maio.
Conforme relatou a familiar ao JM, recentemente diagnosticado com cancro e ainda diabético, o seu progenitor apresenta uma ferida grave, exposta, que causa dores descritas como insuportáveis num dos pés e que têm sido motivo de preocupação crescente, sobretudo devido ao seu agravamento desde que iniciou os tratamentos para a sua condição oncológica. Desde então, as idas às urgências têm sido frequentes, sem que até ao momento tenha recebido tratamento efetivo.
Revoltada com a situação, Isabel Sousa critica o SESARAM por falta de assistência e pela morosidade no diagnóstico da ferida do seu pai, de 64 anos. “Toda a vez que o meu pai dava entrada no hospital diziam que não era nada e que aquilo ia passar. As pessoas não podem ser um número, nem estar à espera que a pandemia acabe. Da forma como o meu pai tem o pé, não pode ser dado quatro ou cinco meses [para receber tratamento]. É impensável”, afirmou a denunciante.
Embora ressalve que o trabalho da equipa de oncologia que acompanha o seu pai tem sido incansável, o mesmo não pode dizer do Serviço de Ortopedia. Há cerca de dois meses, quando o seu pai deu entrada pela primeira vez no hospital devido aos graves problemas no pé, foi-lhe dada a indicação de que seria chamado para realizar um exame, que o obrigaria a pernoitar na unidade hospitalar.
No entanto, foi só quando foi internado durante 15 dias no início de agosto com uma pneumonia grave, alegadamente causada por uma das bactérias que estariam nesta ferida, que entrou no fluxo sanguíneo e se alojou nos pulmões, é que o exame se veio a realizar, uma vez que o utente já se encontrava no hospital e graças à insistência da família e da equipa de oncologia. “Só através dessa outra situação é que o meu pai teve uma cama e foi possível fazer o exame”, apontou Isabel Sousa, que ainda não sabe o resultado ou diagnóstico desse mesmo exame, passadas já várias semanas. “Até hoje não se sabe o que está a acontecer”, notou.
Desde então, e só no último mês, o seu pai já voltou às urgências pelo menos mais duas vezes pelo mesmo motivo, idas as quais voltaram a causar revolta, já que, uma vez mais, não foi examinado por um profissional da área da ortopedia.
“A medicação que lhe deram parou as dores minimamente, mas o mais grave é como é que uma pessoa entra com um quadro clínico deste género, diabético e problemas de oncologia, e ninguém da especialidade lhe vai verificar a ferida? Como é que lhe dão alta sem verem a ferida, só porque viram no processo o que é? O meu pai recebeu alta sem ver a cara da médica”, disse. “É como ele diz… não é o cancro que o magoa. O que lhe está a tirar noites de sono e paciência é aquele pé”, acrescentou.
Além do mais, entre idas e vindas ao hospital e apesar de já ter tentado contactar o SESARAM por diversas vias, Isabel Sousa garante não ter conseguido chegar à fala com o médico responsável.
“Os médicos do SESARAM não podem ter estes comportamentos de terem fluxo de agenda no privado e não poderem corresponder ao público”, acusou, considerando que este é um dos motivos na origem da demora no diagnóstico e tratamento do seu progenitor.
Depois de Isabel Sousa ter denunciado o sucedido ao JM, verificou que no portal do utente do pai estava agendada uma consulta de cirurgia vascular para o mês de outubro, a qual, afirma, acontece com muito tempo de atraso. “Se não tivesse internet e acesso ao portal do utente do meu pai, ele não sabia que tinha esta consulta agendada”, notou ainda, realçando que não foi informada da existência desta consulta.