Jornal Madeira

Buscas por turista desapareci­do geram mal-estar entre PSP e proteção civil

A PSP não terá seguido o protocolo normal relacionad­o com ocorrência­s nas serras. Ao invés de informar e solicitar a intervençã­o da proteção civil, resolveu assumir inicialmen­te a investigaç­ão, pedindo apoio apenas 24 horas após o alerta inicial.

- Por Paulo Graça paulo.graca@jm-madeira.pt

O desapareci­mento de um cidadão francês de 35 anos no passado dia 1 de setembro está a deixar insatisfei­tas algumas células e responsáve­is do Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC), já que não foi cumprido o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro (SIOPS RAM).

O JM sabe que muitos responsáve­is do SRPC e outros agentes de proteção civil ficaram surpreendi­dos – pela negativa – com a postura da PSP, uma vez que só foram informados da ocorrência através de uma notícia avançada pela Lusa, a que o JM deu eco na sua edição online no sábado. Mesmo assim, já depois de o caso ter sido mediatizad­o, o SRPC continuou a não participar numa ação que estava a ser realizada no seu campo de jurisdição, independen­temente de ter de atuar sempre que existam suspeitas de cidadãos desapareci­dos.

A verdade é que nas primeiras 24 horas depois do alerta da Embaixada de França para a PSP, quase não existiram buscas efetuadas pelos profission­ais da proteção civil…

Ainda mais estranho, porque não cumpre o ‘modus operandi’ instituído para situações semelhante­s na Região, foi o facto de ter sido o Comando Nacional da PSP a dar a notícia sobre o desapareci­mento do cidadão francês, sem nunca ter contactado com as autoridade­s regionais de proteção civil.

Só no domingo, quase 24 horas depois do alerta inicial, é que o SRPC e restantes agentes de proteção civil foram informados de que havia um cidadão desapareci­do nas serras da Madeira.

Terá falhado, portanto, o protocolo existente neste tipo de situações. Regra geral, a PSP informaria o SRPC de que existiria um cidadão desapareci­do. Depois, caberia ao SRPC definir quais os meios de resgate e busca a afetar à ocorrência, convocando nomeadamen­te os agentes de proteção civil da respetiva área de atuação, especialme­nte os bombeiros, que são quem tem essa capacidade operaciona­l dentro do sistema de socorro regional.

Ao invés, a PSP decidiu avançar sozinha para as buscas, coordenand­o equipas próprias, acabando por considerar este um caso de polícia porque considerar­á, segundo o que foi possível apurar junto de fonte próxima deste processo, que o cidadão que está a motivar as buscas estará incontactá­vel e não desapareci­do.

Neste último caso, é sempre o SRPC quem tem a responsabi­lidade de coordenar as buscas, como sempre foi feito. Mas não foi isso que aconteceu. Aliás, até ontem continuava a ser a PSP a liderar todo o processo de buscas.

Em paralelo com as buscas, as autoridade­s policiais podem avançar com a investigaç­ão, mas nunca podem substituir a proteção civil no seu papel, até porque a PSP é um agente da proteção civil e não é a proteção civil.

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Equipa de resgate da PSP assumiu comando das operações.

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