Passado esteve sempre mais presente do que o futuro
Diferentes em quase tudo, Filipe Sousa e Brício Araújo travaram um verdadeiro duelo no debate, com perspetivas antagónicas daquilo que Santa Cruz necessita, e muitos ataques, que terão sido mais insinuações. Ou seja, só o desejo de liderar o município os une. Em tudo o resto, as diferenças são abismais.
Exceção, parcial, na questão da ecotaxa, pois há acordo entre as duas candidaturas que deverá se manter, mas divergências na receita daí resultante. Filipe Sousa assegurou que “é para manter e com mais força” e Brício Araújo acedeu que por ele “também é para continuar”. Contudo as reservas do candidato do PSD/CDS prendem-se “com a forma como foi implementada, quando os hoteleiros já haviam vendido o destino” e também que “não concordamos com o destino dado a essa receita”. Aliás, disse mesmo que “se vencer, vou pedir uma auditoria para perceber o que anda a fazer com esse dinheiro”.
Desavindos revelaram-se na intenção de cobrar IMI ao Aeroporto da Madeira. “Não concordamos, não faz qualquer sentido”, atirou de imediato Brício Araújo. Aliás, “quer que o aeroporto pague IMI e depois vem dizer que se oferece para pagar os necessários radares”, criticou
Filipe Sousa reiterou que “esse processo vai ser levado a tribunal, está entre os 150 que temos a correr”, clarificando que não é pretendido que “a pista pague IMI. Falamos de negócios e serviços que proporciona, como lojas, restaurantes e outros”, implementados no todo da infraestrutura que “como qualquer outro terão de pagar IMI”.
Aliás, os munícipes que pagam “não entendem tratamento diferente”.
A discussão em redor dos ‘planos’ do município em relação a verbas do Plano de Recuperação e Resiliência também a aqueceu o debate. Filipe Sousa exaltou que “apresentámos 42 projetos, num valor global de 52 milhões de euros”, dos quais “16 milhões para aplicar na vertente das águas e da
eficiência energética”, expressando a necessidade de acelerar o combate às perdas de água.
Brício Araújo ripostou que “não conheço projetos de Santa Cruz”, e tê-lo-á feito com um sorriso, de tal modo que Filipe Sousa atalhou que “está a gozar com os santa-cruzenses, que não apreciam isso”. Em relação ao desconhecimento, aconselhou Brício Araújo a “perguntar a
Albuquerque” pelo seu conteúdo.
Brício Araújo disse ainda que, no geral, “é essencial que as verbas do PRR possam chegar aos municípios”, mas constatou que “Santa Cruz é um concelho de costas viradas para o Governo Regional, não o convidando para eventos oficiais”, pelo que essa ausência de diálogo não será a mais convidativa para a convergência de ideias nos investimentos. Mas, “comigo, vamos dialogar e reivindicar, porque o PRR é fundamental para o crescimento e desenvolvimento de Santa Cruz.
A politica ambiental também esteve no foco. O candidato do PSD/ CDS não poupou o atual executivo, referindo, inclusive, que Santa Cruz está “nos últimos 10 municípios do País em matéria ambiental”, enquanto o recandidato do JPP defendeu que esse ranking está desatualizado e resultou de um legado do PSD. “Realmente foi publicado em 2019, mas os dados são de 2016”, associando-o à herança recebida. “Agora, não será essa a posição”.
Filipe Sousa frisou que “pontualmente reconheço falhas, mas a área ambiental será alvo de grande investimento nos próximos quatro anos”. Brício Araújo contra-atacou em “episódios de ataques ambientais que são preocupantes”, especificando, por exemplo, os Reis Magos. “Oito anos no poder e nada feito”, sentenciou.
Toda uma polémica, de resto, agregada à questão financeira, com Filipe Sousa e exaltar que o JPP encontrou “uma Câmara falida e que na atualidade a capacidade de endividamento é de quase 18 milhões de euros”. Assim, "todo o trabalho sério feito na área financeira faz com que possamos programar investimento nas várias áreas e preparar o concelho para o futuro. Não aceito que a candidatura de interesses partidários não reconheça ou não queira reconhecer aquilo que se fez", referiu.
"Não há mérito na gestão financeira do JPP”, disse Brício Araújo, afirmando que "a grande verdade é que Santa Cruz tinha um PAEF, que já estava fechado”. Ora, para atestar “um total desconhecimento do concelho” do seu adversário, Filipe Sousa lembrou que “rasgámos esse documento e com a renegociação poupámos 2,5 milhões de euros".