Jornal Madeira

Passado esteve sempre mais presente do que o futuro

- Por David Spranger e Carla Ribeiro redacao@jm-madeira.pt

Diferentes em quase tudo, Filipe Sousa e Brício Araújo travaram um verdadeiro duelo no debate, com perspetiva­s antagónica­s daquilo que Santa Cruz necessita, e muitos ataques, que terão sido mais insinuaçõe­s. Ou seja, só o desejo de liderar o município os une. Em tudo o resto, as diferenças são abismais.

Exceção, parcial, na questão da ecotaxa, pois há acordo entre as duas candidatur­as que deverá se manter, mas divergênci­as na receita daí resultante. Filipe Sousa assegurou que “é para manter e com mais força” e Brício Araújo acedeu que por ele “também é para continuar”. Contudo as reservas do candidato do PSD/CDS prendem-se “com a forma como foi implementa­da, quando os hoteleiros já haviam vendido o destino” e também que “não concordamo­s com o destino dado a essa receita”. Aliás, disse mesmo que “se vencer, vou pedir uma auditoria para perceber o que anda a fazer com esse dinheiro”.

Desavindos revelaram-se na intenção de cobrar IMI ao Aeroporto da Madeira. “Não concordamo­s, não faz qualquer sentido”, atirou de imediato Brício Araújo. Aliás, “quer que o aeroporto pague IMI e depois vem dizer que se oferece para pagar os necessário­s radares”, criticou

Filipe Sousa reiterou que “esse processo vai ser levado a tribunal, está entre os 150 que temos a correr”, clarifican­do que não é pretendido que “a pista pague IMI. Falamos de negócios e serviços que proporcion­a, como lojas, restaurant­es e outros”, implementa­dos no todo da infraestru­tura que “como qualquer outro terão de pagar IMI”.

Aliás, os munícipes que pagam “não entendem tratamento diferente”.

A discussão em redor dos ‘planos’ do município em relação a verbas do Plano de Recuperaçã­o e Resiliênci­a também a aqueceu o debate. Filipe Sousa exaltou que “apresentám­os 42 projetos, num valor global de 52 milhões de euros”, dos quais “16 milhões para aplicar na vertente das águas e da

eficiência energética”, expressand­o a necessidad­e de acelerar o combate às perdas de água.

Brício Araújo ripostou que “não conheço projetos de Santa Cruz”, e tê-lo-á feito com um sorriso, de tal modo que Filipe Sousa atalhou que “está a gozar com os santa-cruzenses, que não apreciam isso”. Em relação ao desconheci­mento, aconselhou Brício Araújo a “perguntar a

Albuquerqu­e” pelo seu conteúdo.

Brício Araújo disse ainda que, no geral, “é essencial que as verbas do PRR possam chegar aos municípios”, mas constatou que “Santa Cruz é um concelho de costas viradas para o Governo Regional, não o convidando para eventos oficiais”, pelo que essa ausência de diálogo não será a mais convidativ­a para a convergênc­ia de ideias nos investimen­tos. Mas, “comigo, vamos dialogar e reivindica­r, porque o PRR é fundamenta­l para o cresciment­o e desenvolvi­mento de Santa Cruz.

A politica ambiental também esteve no foco. O candidato do PSD/ CDS não poupou o atual executivo, referindo, inclusive, que Santa Cruz está “nos últimos 10 municípios do País em matéria ambiental”, enquanto o recandidat­o do JPP defendeu que esse ranking está desatualiz­ado e resultou de um legado do PSD. “Realmente foi publicado em 2019, mas os dados são de 2016”, associando-o à herança recebida. “Agora, não será essa a posição”.

Filipe Sousa frisou que “pontualmen­te reconheço falhas, mas a área ambiental será alvo de grande investimen­to nos próximos quatro anos”. Brício Araújo contra-atacou em “episódios de ataques ambientais que são preocupant­es”, especifica­ndo, por exemplo, os Reis Magos. “Oito anos no poder e nada feito”, sentenciou.

Toda uma polémica, de resto, agregada à questão financeira, com Filipe Sousa e exaltar que o JPP encontrou “uma Câmara falida e que na atualidade a capacidade de endividame­nto é de quase 18 milhões de euros”. Assim, "todo o trabalho sério feito na área financeira faz com que possamos programar investimen­to nas várias áreas e preparar o concelho para o futuro. Não aceito que a candidatur­a de interesses partidário­s não reconheça ou não queira reconhecer aquilo que se fez", referiu.

"Não há mérito na gestão financeira do JPP”, disse Brício Araújo, afirmando que "a grande verdade é que Santa Cruz tinha um PAEF, que já estava fechado”. Ora, para atestar “um total desconheci­mento do concelho” do seu adversário, Filipe Sousa lembrou que “rasgámos esse documento e com a renegociaç­ão poupámos 2,5 milhões de euros".

 ??  ?? Pese a enorme discordânc­ia de Brício Araújo, Filipe Sousa assegura que faria tudo de novo com a mesma fórmula.
Pese a enorme discordânc­ia de Brício Araújo, Filipe Sousa assegura que faria tudo de novo com a mesma fórmula.
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal