Jornal Madeira

Luto parental chega ao Parlamento

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A petição pública lançada pela Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro - na passada quarta-feira já conta com mais de 40 mil assinatura­s e vai assim levar ao Parlamento a discussão do luto parental.

O objetivo da associação é que se discuta o alargament­o do período de luto pela perda de um filho de cinco para 20 dias consecutiv­os.

Tal como explica a Acreditar no site, a dor de perder um filho dura “toda uma vida”, logo os pais que sofrem uma perda desta “não estão em condições para regressar ao trabalho” num espaço tão curto como o de uma semana.

A iniciativa da petição foi lançada no primeiro dia de setembro, mês internacio­nal de sensibiliz­ação para o cancro pediátrico.

Entre os signatário­s estão nomes conhecidos como a escritora Alice Vieira, o músico André Sardet, o apresentad­or João Baião, a fadista Kátia Guerreiro, a escritora Lídia Jorge, Maria de Belém, o humorista Ricardo Araújo Pereira, assim como muitos médicos e outros profission­ais de saúde, professore­s, psicólogos e até constituci­onalistas.

Recorde-se que, anualmente, são diagnostic­adas em Portugal cerca de 400 crianças com cancro. A taxa de sobrevivên­cia é de cerca de 80%.

Recorde-se que esta foi a primeira vez que a Acreditar faz uma campanha com o lançamento de uma petição, por se tratar de "uma questão muitíssimo forte".

Ao longo dos 27 anos de existência, a Acreditar tem vivido com o sofrimento de pais que perdem um filho. "A dor eu não sei descrever, mas vejo que é incomensur­ável e que dura toda uma vida", comentou Margarida Cruz, diretora-geral da associação.

Segundo Margarida Cruz, estes pais "dependem imenso" da compreensã­o" das entidades patronais para terem um período de tempo que os ajude a recuperar psicologic­amente, mas sobretudo fisicament­e.

Muitos deles passaram anos a acompanhar o filho doente, muitas vezes fora de casa, deixando os outros filhos entregues a um familiar e sozinhos e depois veem-se confrontad­os com um período de luto que são cinco dias. Cinco dias não dá quase para tratar das tarefas burocrátic­as que estão inerentes à morte", elucidou.

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