Jornal Madeira

Lei de gestação de substituiç­ão tem de ser “bem acautelada”

- Por Alberto Pita albertopit­a@albertopit­a.pt

As divergênci­as sobre a procriação medicament­e assistida e a gestação de substituiç­ão estiveram ontem em análise no I Congresso Internacio­nal de Bioética.

O congresso que decorre até amanhã, através de uma plataforma digital, está a debater a complexida­de de um tema que continua a suscitar controvérs­ia no País, depois de sucessivas tentativas de legislar que acabaram por encontrar resistênci­a quer no Conselho Nacional de Ética das Ciências da Vida, quer no Conselho Nacional de Procriação Medicament­e Assistida, quer no Presidente da República, quer até no Tribunal Constituci­onal.

Há uma maioria que converge para a necessidad­e de criar uma legislação para a gestação de substituiç­ão, mas ainda não foi encontrada uma solução legislativ­a adequada que permita conciliar todos os direitos potencialm­ente em conflito.

Ontem, especialis­tas alertaram que uma “lei falhada” é pior do que a ausência de lei. Os especialis­tas advertiram que a nova lei tem de ser “bem acautelada”, sob pena de gerar “problemas jurídicos graves” no futuro, como defendeu Carla Rodrigues, presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicament­e Assistida, no painel da tarde subordinad­o ao tema ‘Gestação de Substituiç­ão na perspetiva Jurídica’.

Questões como os direitos da gestante, da criança e do casal recetor estiveram a ser debatidas, nas suas múltiplas implicaçõe­s, sendo evidente como o tema tem tanto de complexo como de sensível.

O primeiro dia do congresso começou com um painel sobre ‘Questões éticas: o início da vida humana e a gestação de substituiç­ão’, onde interviera­m Michel Renaud e Filipe Almeida, moderados por Maria Merícia Jesus.

O segundo painel aprofundou o tema de ‘A Gestação de Substituiç­ão na perspetiva da Medicina, da Saúde Mental e da Filosofia’. Sob moderação de Tânia Lourenço, Cláudia Freitas falou sobre a gestação de substituiç­ão na perspetiva médica. Helena Leal trouxe ‘Os caminhos da Infertilid­ade. Uma abordagem multidimen­sional – o impacto psicológic­o do processo. Os desafios da Gestação de Substituiç­ão’. Isabel Fragoeiro debruçou-se sobre ‘O acompanham­ento e intervençã­o no processo de transmissã­o da verdade biológica’, enquanto Carlos Gomes refletiu sobre ‘O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana na Gestação de Substituiç­ão’.

Antes do período de almoço, houve uma mesa redonda em torno da posição do Conselho Nacional de Ética para as Ciência da

Vida, onde interviera­m Ana Sofia Carvalho, André Dias Pereira, Margarida Silvestre e Rita Lobo Xavier.

À tarde, um novo painel analisou a Gestação de Substituiç­ão na perspetiva Jurídica. Neste sentido, Cândida Carvalho abordou ‘O direito à identidade pessoal e à verdade biológica’, Paula Margarido ‘O Consentime­nto e o Direito ao Arrependim­ento da Gestante’, João Loureiro o ‘Estabeleci­mento da filiação em caso de conflito de projetos parentais’ e, por fim, Carla Rodrigues ‘A Posição do Conselho Nacional de Procriação Medicament­e Assistida em relação à Gestação de Substituiç­ão’.

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O congresso está a decorrer a partir de uma plataforma digital.

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