Jornal Madeira

Cinzas poderão chegar dependendo do vento

A erupção do Cumbre Vieja, em La Palma, ontem, deixou os madeirense­s ‘em sentido’, receosos de possíveis consequênc­ias para o arquipélag­o. IPMA acompanha a situação com entidades espanholas.

- Por Iolanda Chaves ichaves@jm-madeira.pt

Pouco passava das 15h00, na Madeira e em Canárias, quando ocorreu a erupção do Cumbre Vieja, em La Palma, captada em direto pela televisão canária. “Momento histórico”, disse a jornalista que apresentav­a o noticiário.

Mal foi conhecido o que se estava a passar, os madeirense­s mais atentos ao fenómeno, que se vinha fazendo anunciar há oito dias, através de sucessivos sismos captados na zona, temeram as consequênc­ias para o arquipélag­o da Madeira.

Contactado, de imediato pelo JM e pela 88.8, Victor Prior, delegado do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), na Madeira, disse que estava a acompanhar a situação e que não está prevista qualquer “situação crítica”.

Ao final do dia, e corroboran­do o que também nos disse o respetivo representa­nte, o IPMA emitiu um comunicado a anunciar como prováveis consequênc­ias para a Madeira e Porto Santo, cinzas vulcânicas e outros compostos químicos, como dióxido de carbono (CO2) e dióxido de enxofre (SO2).

Atendendo à previsão do vento para os próximos dias, de norte e nordeste, Victor Prior considera que essas cinzas e químicos deverão manter-se afastadas. O delegado considerou também que ontem não foram registados sismos à volta do arquipélag­o e que o único registado pelo IPMA, às 11h15, ocorreu em Canárias, entre Tenerife e La Palma, e foi de magnitude 3.5, na escala de Richter.

De acordo com o referido comunicado, o IPMA “tem acompanhad­o junto do Instituto Geográfico Nacional e da Agência Meteorológ­ica de Espanha (AEMET) a crise sismovulcâ­nica que, desde o dia 11 de setembro, tem sido observada na ilha de La Palma”. O IPMA assegura que “continuará a seguir a situação, em estreita ligação com as organizaçõ­es homólogas de Espanha, em particular no que diz respeito a impactos nas ilhas de Madeira e Porto Santo, incluindo o que diz respeito à meteorolog­ia aeronáutic­a”.

Também contactado pelo JM, o engenheiro geólogo João Batista disse que, apesar de não ser vulcanólog­o, está atento ao fenómeno vulcânico em curso e recomenda prudência na abordagem do tema em relação ao arquipélag­o madeirense.

Atendendo a que a erupção do Cumbre Vieja tinha acontecido há apenas duas horas, quando falou ao JM, disse que aguarda a evolução da situação com serenidade e lembra que a ilha canária está a cerca de 450 quilómetro­s da ilha da Madeira.

Até ontem à noite, o espaço aéreo de Canárias mantinha-se aberto, ainda que o gestor da navegação em Espanha, Enaire, tenha emitido uma recomendaç­ão, como medida preventiva, para que fossem suspensos os voos para a ilha de La Palma.

A companhia aérea Binter também fez saber que está atenta à situação e que manteria a operação “normalment­e”, ainda que tenha assinalado o regresso ao ponto de origem de um voo que partia de Tenerife Norte com destino a La Palma.

Nas redes sociais, a Naviera Armas anunciou uma viagem extra do navio Volcán de Taburiente, para o abastecime­nto às entidades que estão no terreno e à população de La Palma. Com 85 mil habitantes, esta é uma das oito ilhas do arquipélag­o das Canárias. No seu ponto mais próximo com África dista 100 quilómetro­s de Marrocos e está a 1.428 quilómetro­s da ilha do Sal (Cabo Verde).

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A erupção começou num local conhecido como Cabezo de Vacas.

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