Jornal Madeira

Madeira quer reunir-se com Costa

Em dia de visita à Região do primeiro-ministro, para mais uma iniciativa político-partidária, o secretário regional Rogério Gouveia lembra reivindica­ções da Região que estão há anos para serem resolvidas.

- Por Agostinho Silva agostinhos­ilva@jm-madeira.pt

O Governo Regional tem urgência em sentar-se à mesa com o primeiro-ministro, António Costa, para debater os vários assuntos pendentes que a Madeira tem com a República.

A solicitaçã­o é lançada pelo secretário regional das Finanças, Rogério Gouveia, que aproveita a visita que António Costa faz hoje à Região para mais uma iniciativa político-partidária.

Lembrando que, em pouco tempo, o secretário-geral do PS já esteve duas vezes na Madeira para discursar para alguns apoiantes, Rogério Gouveia aguarda que António Costa, enquanto primeiro-ministro de todos os portuguese­s, possa reunir também com o Governo Regional, no sentido de serem abordados os principais pontos reivindica­tivos que a Madeira vem apresentan­do há vários anos e que continuam sem resolução.

De acordo com o secretário regional, esta reunião torna-se ainda mais premente, sobretudo porque, muito recentemen­te, a Região teve conhecimen­to que a TAP deixará de voar para o Porto Santo.

“Mais uma vez, o Estado volta a fechar os olhos e a não cumprir com o princípio da continuida­de territoria­l, que garante às populações insulares os mesmos níveis de acesso a todo o território”, realçou o responsáve­l pela tutela.

Ao JM Rogério Gouveia explicou, ainda, não estarem em causa apenas as obrigações implícitas a uma companhia de bandeira nacional, paga pelos impostos de todos os portuguese­s, mas também ao pleno cumpriment­o do Princípio da Continuida­de Territoria­l na mobilidade aérea – através da revisão do Subsídio Social de Mobilidade e a respetiva regulament­ação da proposta aprovada na Assembleia da República –, e na mobilidade marítima, em relação à qual continua a ser reivindica­do junto do Estado a publicação da portaria conjunta do Ministério do Mar e do Ministério das Finanças, que permitirá concretiza­r a definição do modelo de subsidiaçã­o ao transporte marítimo regular por ferry.

50% ou 35% do hospital?

Mas há outras reivindica­ções naturais da população que, diz o secretário regional, continuam sem obter qualquer feedback do Governo da República.

“O financiame­nto do novo Hospital Central da Madeira é um deles”, destaca o secretário regional.

De acordo com Rogério Gouveia, a primeira fase das obras já se iniciou, sem ter sido possível assegurar, da parte do Governo da República, os montantes e a forma de financiame­nto das despesas associadas a este projeto de investimen­to.

E, defende o governante, ao contrário do que foi o compromiss­o público assumido pelo primeiro-ministro relativame­nte ao financiame­nto do novo Hospital, ainda não se encontram garantidos os 50% prometidos dos encargos com a construção e equipament­o médico e hospitalar, dado que o Governo da República continua a abater ao apoio do Estado, o valor da avaliação global a devoluto dos atuais hospitais Dr. Nélio Mendonça e dos Marmeleiro­s, reduzindo o apoio do Estado para um valor inferior a 35% dos custos.

Outra das dificuldad­es no relacionam­ento com a República prende-se também, com os juros do Programa de Ajustament­o Económico e Financeiro (PAEF), cobrados pelo Governo da República à Madeira, e que estiveram sempre acima daqueles que eram praticados pelos mercados financeiro­s internacio­nais ao próprio país. Ou seja, Portugal financiava-se a um preço mais baixo, enquanto cobrava aos madeirense­s um preço mais alto. A mesma dificuldad­e, lembra Rogério Gouveia, foi sentida quando, em plena pandemia e tempo de emergência económica e social, a Região solicitou o adiamento de três prestações do PAEF, para libertar meios financeiro­s para cobrir a grande despesa na área da saúde e que apesar de ter sido aprovada pela Assembleia da República esbarrou na intenção da República de capitaliza­ção dos juros, obrigando ao pagamento de juros sobre juros, num agravament­o do PAEF em 57 milhões de euros.

Por outro lado, o governante lembra que decorridos já cinco anos após os incêndios que fustigaram o Funchal, que destruíram bens públicos e privados, que arrasaram habitações e fizeram vítimas mortais, o Governo Regional continua à espera do apoio prometido pelo Terreiro do Paço, através dos fundos comunitári­os do POSEUR, no valor de 30,5 milhões de euros.

"Aguardamos, portanto, a mesma disponibil­idade do Senhor Primeiro-ministro para vir à Região reunir-se com o Governo Regional e solucionar as reivindica­ções há muito reclamadas pelos madeirense­s e porto-santenses", rematou o secretário regional.

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Coube ao novo secretário regional lembrar ao primeiro-ministro as velhas reivindica­ções da Madeira.

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