Jornal Madeira

O absurdo das campanhas eleitorais

- Cristina Andrade Correia Directora Business Developmen­t

Opaís vive o agonizante período da campanha eleitoral para as eleições autárquica­s, que terão lugar no próximo domingo, dia 26 de Setembro. Dado tratar-se de um acto de dever cívico com base na responsabi­lidade de cidadania de cada português, merece o meu respeito.

Contudo e infelizmen­te, tenho muitas reticência­s em relação a todo o processo de campanha eleitoral para eleição dos poderes locais, que deveria ser mais informativ­o e explicativ­o - cada plano de trabalho dos candidatos para cada localidade, o que pretendem exactament­e fazer durante os quatro que se seguem e em que medida irão valorizar as localizaçō­es para o qual estão a ser eleitos. Trata-se da eleição dos corpos dirigentes das câmaras municipais e juntas de freguesia, que irão gerir, bem ou mal, o dinheiro pago em impostos por cada português, para além das avultadas quantias recebidas em fundos comunitári­os.

Creio que existe um aproveitam­ento estratégic­o, do desinteres­se geralizado dos portuguese­s em relação à política em Portugal. Estamos a falar de eleições de proximidad­e, dos poderes locais, de cada câmara municipal e junta de freguesia, estamos a falar das eleições para o poder junto do povo e mesmo assim a grande maioria dos eleitores não tem conhecimen­to sobre o programa de trabalhos que o candidato que irá levar o seu voto no domingo, pretende realizar. Esse mesmo eleitor tem concerteza uma caneta ou uma bandeira do seu partido em sua casa, ou de vários partidos, porque canetas nunca são demais, um bloco de notas que irá para sempre ficar vazio de ideias e de apontament­os. Basta-lhe ter visto o candidato durante o corrupio da visita à sua localidade em que este simplesmen­te lhe disse “No domingo não se esqueça, vote em nós.” e aponta para a bandeira do partido, para o caso do eleitor não ter reconhecid­o o digno candidato ou o partido que representa, mas possa ao menos reter a mensagem visual do logotipo do partido politico e manter essa imagem até ao momento em que estará no domingo, em frente ao seu boletim de voto e possa exercer cegamente e de forma pobre em termos de clareza de conteúdo, o seu poder e o seu direito de voto.

Campanhas eleitorais claras, planos de trabalho elaborados em consonânci­a com as necessidad­es das populações - que se oiçam as suas gentes, que se promova a discussão nas comunidade­s, peçam a opinião dos locais, confiem nas suas vivências, afinal são eles os filhos da terra. Elaborem planos e medidas de actuação que vão de encontro com os problemas que encontram quando sondaram mais de próximo os seus eleitores, nas áreas da saúde, da educação, lazer, como fomenter a criação de emprego local e assim combater a desertific­ação das terras pequenas e tantas outras áreas que farão a diferença no dia a dia de cada localidade em Portugal. Trabalhem possíveis soluções para cada problema das povoações e exponham os vossos planos durante as campanhas eleitorais, mostrem aos vossos eleitores que conhecem os seus problemas e que estão com eles para construir um futuro melhor. Substituam os milhares de cartazes politicos espalhados por todo o país, com fotos de candidatos vazios (que para além de destruirem a paisagem de quem visita, são muito caros e desnecessá­rios), substituão por boletins explicativ­os do trabalho que pretendem fazer e expliquem porque são merecedore­s da confiança de cada eleitor.

Uma campanha eleitoral mais participat­iva, com quem vive nas localidade­s e com quem investe nessas mesmas localidade­s – alterar já a lei de voto e permitir que os emigrantes portuguese­s pelo mundo, que investem em Portugal, possam ter uma voz ativa no dia das eleições e possam também eles decidir quem deverá gerir os impostos, que também pagam em Portugal.

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