de droga começaram a ser julgados
Arguidos foram detidos no ano passado, na marina do Funchal, onde chegaram num veleiro que transportava 326 quilos de cocaína. Um dos homens afirmou que não sabia da droga.
Começou ontem o julgamento de dois italianos, acusados de pertencerem a uma rede internacional de tráfico de droga, depois de terem sido detidos no Funchal, no verão do ano passado, a bordo de um veleiro que transportava mais de 300 quilos de cocaína. Na primeira sessão do julgamento, um dos arguidos optou por não prestar declarações, enquanto o outro alegou inocência, afirmando que “não sabia de nada”.
Guido Consigli, de 60 anos, e Claudio Paradisi, de 54, foram detidos a 25 de junho de 2020, na marina do Funchal, onde chegaram num veleiro de bandeira neozelandesa oriundo de Martinica, nas Caraíbas, que transportava 326 quilos de cocaína de “elevado grau de pureza”.
Na acusação, o Ministério Público pede a condenação pelo crime de tráfico de estupefacientes agravado, considerando que os dois integravam uma rede internacional de tráfico de cocaína que efetuava o transporte entre a América do Sul e a Europa.
Guido Consigli, proprietário e capitão do veleiro Goldmund, que se encontra em prisão preventiva no Funchal, optou por apenas prestar declarações quando estiver na posse da tradução do processo para italiano, apesar de o julgamento decorrer com a presença de uma tradutora.
Já Claudio Paradisi, que se encontra em liberdade com pulseira eletrónica, afirmou perante o coletivo de juízes não ter “nada a ver” com os factos descritos na acusação e negou fazer parte de uma rede internacional de tráfico de estupefacientes.
“Estava a bordo do veleiro, mas não sabia de nada”, disse, salientando que ao tomar conhecimento da presença da droga, no momento da detenção, pensou simplesmente que lhe tinham “arruinado a vida”.
Questionado pela juíza Fernanda
Sequeira, presidente do coletivo, o arguido adiantou que desempenhava funções como mecânico e cozinheiro a bordo da embarcação, fruto de um acordo verbal com o outro arguido. Sublinhou, no entanto, que não tinha experiência ou conhecimentos sobre navegação e afirmou mesmo que sentiu receio de viajar em alto mar, mas aceitou o trabalho porque precisava do dinheiro.
Claudio Paradisi alegou desconhecer o momento em que a droga foi introduzida no barco e explicou que nunca tinha acedido ao compartimento onde a cocaína viria a ser descoberta, uma vez que não era necessário para as suas funções a bordo.
A apreensão dos 326 quilos de
QUILOS de cocaína apreendidos na sequência das buscas ao veleiro Goldmund.
MILHÕES de doses individuais é a quantidade aproximada de cocaína apreendida. cocaína em junho de 2020 ocorreu na sequência de uma operação “de cariz internacional”, desenvolvida pela Polícia Judiciária em cooperação com a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE), e foi uma das maiores efetuadas na Madeira, nos últimos anos.
A mais significativa acontecera quatro anos antes, a 18 de junho de 2016, também numa embarcação, na marina da Calheta, que resultou na apreensão de quase 600 quilos de cocaína e em penas de oito anos de prisão para dois homens, um cidadão espanhol e um uruguaio.
O julgamento de Guido Consigli e Claudio Paradisi prossegue a 27 de outubro.
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