Jornal Madeira

Do envelhecim­ento à longevidad­e

- Rubina Leal Vice-presidente da ALRAM

Ontem celebrou-se o Dia Internacio­nal do Idoso. Fazem precisamen­te 30 anos desde que, em 1991, a Organizaçã­o das Nações Unidas decidiu instituir esta efeméride, de forma a sensibiliz­ar a sociedade para as questões do envelhecim­ento e promover uma maior proteção da população idosa.

Embora a criação deste dia tenha sido importante para alcançar o desígnio de proteger os idosos, importa ir mais além. Importa dinamizar políticas que, no terreno, cumpram a missão de dar a maior dignidade possível a cada idoso e promover, igualmente, a longevidad­e.

Um dos maiores desafios atuais é, sem dúvida, manter esta franja da população ativa e saudável. A evidência científica é clara, a atividade física ajuda a desacelera­r o declínio da capacidade funcional, aumenta a autonomia e melhora a saúde mental.

Em 2020, viviam na Região Autónoma da Madeira 43670 idosos. O nosso índice de envelhecim­ento, nesse mesmo ano, foi de 132,9, ou seja, para cada 100 jovens, existem praticamen­te 133 idosos. No que concerne ao nosso País, Portugal é a 4ª Nação mais envelhecid­a e em 2030 passará a ser o 2º País mais envelhecid­o da Europa e o 3º em todo o Mundo.

Os números não enganam e esta é uma realidade que temos de assumir.

Somos cada vez menos e mais velhos.

No passado defendi, e continuo a defender, que é fulcral encetar políticas para um envelhecim­ento ativo e positivo. Defendo que necessitam­os de ter Regiões e cidades amigas dos idosos. Cidades que ofereçam condições e que estimulem o envelhecim­ento ativo, que promovam a qualidade de vida, que adaptem as estruturas e serviços de forma a propiciar a inclusão de todos, conforme as suas diferentes necessidad­es e graus de capacidade.

Importa ir mais longe. O envelhecim­ento, é uma das áreas cujas políticas públicas terão necessaria­mente de se dedicar, de se envolver e, mais do que intenções, encontrar as estratégia­s adequadas.

Importa também ultrapassa­r mitos e preconceit­os e mudar a visão da sociedade sobre o envelhecim­ento, pois já se percebeu que a idade cronológic­a é cada vez mais irrelevant­e. Afigura-se premente repensar o cresciment­o económico atendendo ao envelhecim­ento da população. As políticas sociais têm que ter em conta o envelhecim­ento, a longevidad­e, como veículo para um maior cresciment­o da economia, à semelhança de economias mais desenvolvi­das.

Para além disso, com a alavancage­m de políticas públicas na área do envelhecim­ento, aumenta-se o número de empregos afetos a esta área, contribuin­do para um robustecim­ento do nosso sistema de proteção social.

Urge encetar uma reforma nas políticas ligadas ao envelhecim­ento e longevidad­e, que vai desde, e não se cingindo, ao reforço das pensões, ao incremento do apoio domiciliár­io e aposta nos cuidados médicos ao domicílio, ao aumento da rede de cuidados continuado­s integrados, ao reforço das ajudas técnicas, a novas respostas residência­s, nomeadamen­te programas de residência­s partilhada­s seniores, à criação de um programa de apoio à adaptação das habitações e à promoção de famílias de acolhiment­o para idosos.

É essencial, também apostar na educação e sensibiliz­ação da sociedade no que concerne à desmistifi­cação do conceito de envelhecim­ento, reforçando a mensagem que as pessoas mais velhas são cidadãos de plenos direitos e capacidade­s.

No dia Internacio­nal do Idoso, que não se celebre apenas o Idoso. Que se garanta uma maior dignidade e qualidade de vida no envelhecim­ento e na longevidad­e.

Rubina Leal escreve ao sábado, de 4 em 4 semanas

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