Estudo da UMA sobre a dengue prepara inquérito online
É mais uma fase do estudo que está a ser levado a cabo pela Universidade da Madeira acerca das consequências da infeção causada pelo mosquito Aedes aegypti.
As pessoas que foram diagnosticadas com dengue pelos serviços de saúde da Região em 2012 (mais de 1.000) serão convidadas, nas próximas semanas, a preencher um inquérito online, no âmbito do estudo comparativo entre casos de dengue sintomático e assintomático que está a ser levado a cabo, desde o início deste ano, pela Universidade da Madeira (UMA), através da Faculdade de Ciências da Vida, em parceria com o SESARAM e com apoio financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Este questionário, mais abrangente do que aquele que já foi feito no Campus da Penteada, será anónimo e incidir-se-á sobre os sintomas sentidos, mas também sobre as sequelas que poderão ter resultado da infeção.
O estudo - que tem como objetivo fazer uma avaliar retrospetiva da infeção, particularmente dos sintomas, permitindo, desta forma, a obtenção de dados, mesmo daqueles que não vieram participar na recolha de sangue [feita nos primeiros meses deste ano] – pode dizer-se que ainda vai a meio, já que será só em setembro do próximo ano que deverá ficar concluído.
Neste momento, segundo explicou ao JM a responsável pela investigação, Ana Margarida Vigário, ainda estão a ser recolhidos dados e algumas amostras, pelo que ainda não há conclusões que possam ser discutidas.
É que, apesar de a equipa de investigação ter conseguido chegar aos chamados sintomáticos - chegando-se aos cerca de 120 voluntários - está a ser mais difícil chegar às pessoas que, apesar de terem estado infetadas, não chegaram a desenvolver sintomas.
Ainda acerca do questionário que será enviado nas próximas semanas aos sintomáticos, Ana Margarida Vigário espera que haja uma forte adesão, pois “só assim é que será possível tirar conclusões com um número significativo de respostas”.
Quanto aos potenciais assintomáticos, a responsável confessou que tem sido mais difícil e que ainda não tem número ideal de participantes.
“Tivemos cerca de 50 de voluntários, mas contamos ainda com dadores do banco de sangue que sabemos que foram assintomáticos na altura”, revelou a investigadora.
Recorde- se que este estudo terá como finalidade, a partir dos seus resultados, “avaliar como evoluíram clinicamente as pessoas que apresentaram sintomas na altura do surto, e podem-nos dar pistas importantíssimas para identificar fatores que protejam algumas pessoas das manifestações clínicas da infeção”, como explicou ao JM, em março deste ano, Ana Margarida Vigário. A investigadora acredita que a identificação dos casos que foram a s s i n tomáticos permitirá ainda avaliar “o risco real de desenvolvimento de dengue grave, em caso de um novo surto”, até porque, salienta, “sabe-se que o primeiro contacto com um dos quatro serotipos do vírus aumenta o risco de desenvolvimento de dengue grave, caso ocorra posteriormente uma infeção com outro serotipo”.