Verão alavancou recuperação ‘do mar à serra’
Os atarefados meses de verão permitiram retirar os jipes das garagens e o ‘regresso’ ao mar dos barcos e catamarãs que durante meses ‘viveram’ estacionados no cais funchalense. Verdade é que a recuperação está em curso, mas ainda há muito por fazer.
Montanha acima ou mar adentro, a recuperação económica depois do embate da covid-19 já se fez sentir em força este verão entre os vários agentes turísticos. De facto, seja a bordo de um catamarã ou de cinto a postos para uma aventura de jipe pela ilha, a chegada do calor e dos dias mais compridos trouxe renovadas esperanças para os profissionais que se dedicam a disponibilizar estas experiências na Região. Para trás parecem ter ficado os desesperantes meses de mãos vazias, de jeeps nas garagens e de catamarãs atracados no cais. Mas as dúvidas e receios ainda persistem e a recuperação ainda não é dada como garantida, fazendo jus à lição deixada pelo vírus que parou o mundo: as certezas não existem.
Novos mercados animam setor
Fazendo um balanço dos últimos meses, que finalmente trouxeram boas notícias, Sandra Faria, responsável pelo departamento de marketing da VMT Madeira, apontou que julho e agosto foram meses muito positivos, tendo alcançado, inclusive, valores comparáveis aos registados antes do eclodir da pandemia. Aliás, como garante a VMT Madeira, “esta vida de marinheiro (e de amante do mar) não dá cabo de nós”, nem a covid.
Ainda assim, o verão começou tardiamente para esta empresa que disponibiliza passeios de catamarã. “O verão da VMT não foi todo o verão, porque em maio e junho notámos uma quebra muito grande”, afirmou ao JM a responsável, recordando o golpe que a inclusão de Portugal na lista vermelha de destinos como o Reino Unido representou nas reservas.
A boia de salvação foi mesmo o reforço e a diversificação dos clientes que procuram estas aventuras marítimas, já que, como salienta Sandra Faria, se verificou uma alteração do perfil de turistas na Região. “Sentimos uma quebra enorme no mercado britânico, mas começaram a vir novos mercados. Tivemos muitos clientes da Europa de Leste e Central e não apenas do Reino Unido e da Alemanha, como era muito habitual. A Polónia cresceu imenso, a par dos continentais, o que foi interessante e foi uma boa receita”, explicou.
Quem também não desiludiu foram os madeirenses, que aproveitaram as campanhas da VMT para relaxar ao sabor das ondas. “Já trabalhávamos muito no mercado local e foi o que nos salvou, sobretudo no ano passado. Este ano já não tanto, mas se não tivéssemos vindo a fazer o trabalho que fizemos no mercado regional, tinha sido ainda sido mais complicado”, disse Sandra Faria.
Todavia, e “embora o verão tenha sido bom, ainda há muito para recuperar”, garantiu a profissional. “Foi um ano e meio muito complicado”, recordou, lamentando os largos meses em lay-off e as restrições impostas à lotação de passageiros permitidos a bordo. Por isso mesmo, os próximos meses ainda são encarados com alguma apreensão, até porque a chegada do outono já fez notar uma quebra nas reservas.
Já Pedro Mendes Gomes, que está ao leme da Rota dos Cetáceos, também não poupou nas palavras para descrever o quão produtivas foram as últimas semanas de trabalho. “Foi um verão surpreendente. Não estávamos à espera que já houvesse tanta retoma e, por isso, ficámos muito satisfeitos”, declarou, afirmando que o final de julho e agosto “foram ainda melhor do que antes da pandemia”, tendo estado ao nível das contas feitas em 2019.
No entanto, acautela, apesar da boa afluência às atividades de observação de golfinhos e baleias nas águas madeirenses que a sua empresa providencia, estes últimos três meses não foram suficientes para