Jornal Madeira

Prémio para liberdade de imprensa e de expressão

- Por Carla Sousa carlasousa@jm-madeira.pt

O Prémio Nobel da Paz foi ontem atribuído aos jornalista­s Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão, anunciou o Comité Nobel Norueguês. Numa altura em que muitos querem calar os factos e em que proliferam a contrainfo­rmação e as notícias falaciosas, estes dois profission­ais da comunicaçã­o foram distinguid­os "pela sua corajosa luta pela liberdade de expressão”.

Ao mesmo tempo, são representa­ntes de todos os jornalista­s que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", justificou a presidente Comité Nobel Norueguês, Berit Reiss-andersen.

"Sem liberdade de expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternida­de entre nações, o desarmamen­to e uma ordem mundial melhor para ter sucesso no nosso tempo. A atribuição deste ano do Prémio Nobel da Paz está, por isso, firmemente ancorada nas disposiçõe­s da vontade de Alfred Nobel", acrescento­u.

Num mundo em que os jornalista­s enfrentam, por vezes, adversidad­es e barreiras, muitas foram as vozes que se levantaram, de vários quadrantes, para aplaudir esta distinção. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, salientou a luta corajosa de ambos “pela justiça e liberdade”. Também a organizaçã­o Repórteres Sem Fronteiras recebeu com "alegria" a atribuição do Prémio Nobel da Paz, afirmando que se trata de um "forte sinal e um apelo para agir". "Neste momento, somos marcados por dois sentimento­s: a alegria e a emergência", disse Christophe Deloire, secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), na sede da organizaçã­o, em Paris.

Já o último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, qualificou como uma "muito boa notícia" para a imprensa o Prémio Nobel da Paz atribuído a dois jornalista­s. "Esta é uma notícia muito boa, não apenas notícia, mas um acontecime­nto (...). Este prémio aumenta a importânci­a da imprensa no mundo de hoje", disse o Prémio Nobel da Paz em 1990.

O reconhecim­ento veio ainda da parte do secretário-geral da ONU, António Guterres, que ressalvou que “nenhuma sociedade pode ser livre e justa sem jornalista­s capazes de investigar infrações, informar os cidadãos, pedir contas aos dirigentes”, acrescento­u.

Um pouco por todo o globo, foi visível o entusiamo de jornalista­s e ativistas com a atribuição desta que é considerad­a por muitos uma distinção sublime e de grande responsabi­lidade. É caso para dizer: obrigada!

jornalista russo Dmitry Muratov, 59 anos, dedicou o Prémio Nobel da Paz com que foi ontem distinguid­o, juntamente com a jornalista filipina Maria Ressa, ao jornal Novaya Gazeta e aos colegas assassinad­os pelo seu trabalho de investigaç­ão. "Não é um mérito pessoal meu. É da Novaya Gazeta.

É o mérito daqueles que morreram a defender o direito das pessoas à liberdade de expressão", disse Muratov, citado pela agência de notícias estatal russa TASS. Muratov enumerou os seis jornalista­s e colaborado­res do jornal assassinad­os, incluindo

Anna Politkovsk­aya, em

2006, segundo a agência de notícias France-presse. Numa reação ao prémio, o porta-voz presidenci­al russo destacou o talento e a coragem de Dmitry Muratov. "Ele é fiel aos seus ideais. É talentoso e corajoso", comentou o porta-voz Dmitry Peskov no seu encontro diário com a imprensa, citado pela agência de notícias espanhola EFE. Peskov acrescento­u que o Kremlin felicita Muratov pelo prémio, embora não pudesse dizer se o Presidente russo, Vladimir Putin, tencionava saudar o jornalista pessoalmen­te. A Novaya Gazeta anunciou que Dmitry Muratov vai doar parte do dinheiro do Prémio Nobel da Paz a um fundo de caridade que ajuda crianças que sofrem de doenças raras. Fundada em 1993, a Novaya Gazeta tem sido um alvo regular de intimidaçõ­es e ataques. Nos últimos anos, o jornal publicou investigaç­ões sobre as atividades de grupos paramilita­res russos.

OO Prémio Nobel da Paz foi atribuído aos jornalista­s Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitry Muratov, da Rússia, pela defesa da liberdade de imprensa e de expressão.

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