Calado projeta seis anos na Câmara
O momento é propício para que o PSD-M trace este seu plano a curto e médio prazo. Não são conhecidas contestações internas, a altura é pacificadora, até por força do bom desempenho na abordagem à pandemia, pela reconquista da Câmara do Funchal, mas também de São Vicente e, porque não referi-lo, da Ribeira Brava. Albuquerque e Calado são os artífices do sucesso, mas as nuances aqui desenvolvidas não significam que sejam ‘assinadas de cruz’ pelos militantes, e para passaram à prática terão de ser ratificadas em comissões políticas e/ou congressos regionais. Depois, há que contar com o eleitor, que terá de sancionar nas eleições esta revigorada fidelidade, em que as convulsões na concorrência vão ajudando. E mesmo a nível interno, não é certo que não surjam divergências no percurso. Há, pois, um longo caminho a percorrer, mas o plano, para mais duas décadas de liderança, está traçado.
Se dúvidas existissem, a estrondosa vitória na corrida à Câmara o Funchal dissiparam-nas: Pedro Calado é nesta altura a segunda figura de maior peso no PSD Madeira e o prominente sucessor de Albuquerque, na Rua dos Netos e na Quinta Vigia. Mas o novo presidente da autarquia do Funchal irá cumprir na íntegra a promessa, estará só concentrado na capital e o mandato será cumprido até o final.
Mais. Nessa sintonia com o líder, projeta a recandidatura, mas aqui fará saber que pretenderá, então, só cumprir dois anos desse mandato, acumulando seis anos na autarquia, antes de visar a presidência do Governo, em 2027. A solo, o Funchal foi a grande vitória de Calado, mas esteve já com Albuquerque em outras batalhas e nunca perdeu uma eleição. Com 50 anos, entra neste projeto de curto e médio prazo do PSD-M em que poderá ser figura principal durante quase mais duas décadas. Metódico e cérebro-mor dos projetos em que se mete é tido, por quem lida com ele de perto, como o político mais completo da sua geração, na sintonização entre a vertente técnica e política. Ousado no discurso, essa faceta propiciou extremos: há os que o idolatram como se não houvesse amanhã; há quem não aprecie a sua forma de estar. Paulatinamente, conseguiu que aqueles sejam muitos mais do que estes e, já após o triunfo no Funchal, opta por um discurso mais prudente e pacificador, na sequência do que iniciara já na campanha.
O seu grande mérito? Terá sido o primeiro político da Região a perceber, finalmente, que quem falar mais e melhor para a classe média, a que efetivamente vota e que suporta o País, terá vantagem em relação aos demais. Apoios sim, mas moderados, com contrapartidas e com critérios mais rigorosos e imprescindíveis cruzamentos de dados, são palavras mágicas aos ouvidos dessa mesma classe média.
PSD