Moderar presença na internet e conhecer os riscos é a chave
A pandemia tem sido propícia ao isolamento e à dependência dos jovens ao digital, neste caso sob diversas formas, no estudo e no lazer.
Naquela que foi a primeira reunião do Conselho de Juventude, órgão consultivo do secretário regional da Educação, estas questões foram abordadas através de intervenções que tiveram por objetivo dotar os dirigentes associativos de informação no sentido de os ajudar na orientação dos mais novos.
Presente na reunião, Jorge Carvalho salientou, em declarações ao JM, a pertinência dos temas após o longo período de confinamento em que os jovens estiveram mais tempo ligados à internet e isolados do mundo real, por conseguinte expostos a riscos vários.
Cristina Viveiros, da Associação Regional para o Desenvolvimento das Tecnologias da Informação da Madeira (DTIM), falou sobre os 'Desafios da Nova Dialética Digital - Segurança e Riscos'.
Partindo do pressuposto de “que as associações têm um papel fundamental na disseminação de boas práticas”, a oradora entende que, no âmbito do digital, deverão estar dotadas de informação que permita garantir um clima de navegação em segurança na rede, por parte dos jovens, minimizando os riscos dessa presença.
Cristina Viveiros procurou sensibilizar os dirigentes associativos para “uma utilização racional” da internet, destacando em simultâneo todas as vantagens e potencialidades do mundo digital. “Até mesmo nos intercâmbios que os jovens fazem, é importante que tenham essa cultura de segurança, quer seja para si próprios, quer para as instituições que vão representar”, disse ao JM.
A oradora lembra que a internet é “um mundo” mas “é eticamente neutra”, podendo ser “mais positiva ou menos positiva” de acordo com o quadro de valores dos seus utilizadores. Pensar antes de partilhar é um alerta que deixa aos jovens. Neste contexto, lembra as ‘fake news’ e apela a que antes de partilharem qualquer informação se questionem acerca da “utilidade da partilha” em causa.
A segunda intervenção da tarde, subordinada ao tema 'Comportamentos Aditivos: prevenção e tratamento', esteve por conta de Joana Jardim, da Associação de Jovens Médicos da Madeira (AIMED), que também abordou o uso das novas tecnologias e do mundo digital por parte dos jovens sob o ponto de vista da saúde.
Com base no conhecimento existente, a médica adiantou ao JM que “não há nada nas novas tecnologias que cause uma doença”. Segundo disse, o que acontece “muitas vezes” é uma conjugação de fatores que, de acordo com o ambiente em que o jovem está inserido, “podem proporcionar dependências, alteração dos ciclos de sono, sintomas mais depressivos ou de ansiedade”.
Joana Jardim diz que “não existe uma correlação” que diga que jogar no computador causa dependência, o que não quer dizer que isso não possa acontecer. “Caso as pessoas apresentem determinados sintomas, aí sim, é preciso apoio”, sublinha.
“A verdade é que as pessoas vão continuar a usar as redes sociais e as novas tecnologias. É importante ajudar os dirigentes associativos sobre o modo como podem intervir juntos dos jovens”, considera a jovem médica apelando à moderação e atenção ao meio ambiente que os rodeia.