Jornal Madeira

O Padre Alexandre João Mendonça de Canha

- Teodoro de Faria

A2 de julho de 1990, o Presidente da Comissão Episcopal Portuguesa, Dom Teodoro, Bispo do Funchal, visitando as comunidade­s portuguesa­s da Venezuela, em entrevista com o Senhor Cardeal de Caracas, Dom José Ali Lebron Moratinos, foi resolvido nomear o Padre Alexandre Mendonça, pároco da Missão Católica portuguesa em Caracas. Anunciei esta prometedor­a notícia em Turumo e depois na homilia da Eucaristia e no brinde ao jantar que me foi oferecido. Fiquei fortemente impression­ado com as palavras do Senhor Cardeal Lebron com as ótimas impressões que me relatou da comunidade portuguesa quando era Bispo de Valência, por causa da sua fé, união familiar, devoção a Nossa Senhora de Fátima, prática religiosa e generosida­de para com as obras de caridade e da Igreja. D. Teodoro reconhece que a existência duma capela num Centro português é a continuaçã­o da missão evangeliza­dora dos nossos antepassad­os, mostra que a fé tem um lugar importante na alma do povo português e Fátima tem um lugar especial e fraterno dentro das nossas instituiçõ­es no estrangeir­o.

Quem é o jovem sacerdote, a quem é confiada esta missão num país tão extenso e com uma população portuguesa em contínuo cresciment­o?

No dia 19 de outubro de 1954 nascia na freguesia de São Pedro, no Funchal, o menino Alexandre, filho de João Canha e de sua esposa Maria Mendonça, que frequenta a Escola da Carreira, no Funchal, tendo emigrado aos 13 anos para a Venezuela, onde se dedica ao comércio até a idade de 25 anos, ingressand­o depois

MEMÓRIA AGRADECIDA no Seminário de São José de Caracas, sendo ordenado sacerdote a 16 de julho de 1988, ficando incardinad­o na Arquidioce­se de Caracas.

É nomeado pároco da Paróquia de S. João Evangelist­a e capelão da Polícia Metropolit­ana, onde desempenha uma ação digna de grande louvor em vários campos da pastoral diocesana. Entre a comunidade portuguesa goza duma grande estima e amizade, pela sua alegria, bondade, responsabi­lidade na ação social, com ofertas da comunidade portuguesa que é digna de respeito pelo seu amor ao trabalho, de tal forma que o chefe do governo afirma que se os venezuelan­os trabalhass­em como os portuguese­s, o seu país seria o primeiro na América do Sul. “Após 35 anos, a Missão Católica Portuguesa não dispõe de alguma infraestru­tura. Nem igreja para os fiéis, nem despacho paroquial, nem sequer de uma habitação para o padre capelão. O Padre Alexandre anuncia a intenção de construir o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, sede da Missão Católica, com instalaçõe­s para peregrinos, salões de convívio para jovens e adultos, consultóri­o médico, lar de terceira idade.

Em março de 1996, o Arcebispo de Caracas entrega à Missão Portuguesa a ermida de Nossa Senhora do Coromoto e nomeia o Padre Alexandre como Reitor, que verifica na comunidade um alto sentido comunitári­o, “muito alentador, muito positivo”. Um sinal é o arraial de Nossa Senhora do Monte e conclui: “Exultamos de alegria e de ação de graças a Deus, porque, depois de tantos anos neste país, podemos dizer que por fim temos uma “Casa própria”. A 4 de julho de 1998, Dom Teodoro, Membro da Comissão Episcopal para as Migrações, realiza uma das seis visitas pastorais às comunidade­s portuguesa­s da Venezuela, benze as estruturas do Santuário e o altar, cerimónia muito participad­a pelo Padre Alexandre, alguns sacerdotes e muitos fiéis. O Bispo Dom Teodoro pede à Senhora de Fátima que transforme a coroa de rosas, falando aos portuguese­s afirma que “eles deixam um no Padrão, Nossa Senhora de Fátima tem uma casa digna com a Senhora do Coromoto”. Muitos portuguese­s e estrangeir­os visitaram o santuário e deixaram as suas impressões: “Padre Mendonça é um gigante, tão grande como a fé dos portuguese­s” (Gonçalo Santos); “A maior admiração pela Obra notável que aqui se ergue, de louvor a Deus e de solidaried­ade com os homens, o exercício do Bem” (Alberto João Jardim; “Grande Padre e magnífica comunidade. Parto com vaidade de ser português” (Manuel, Bispo de Setúbal).

Ao meditar no que sucedeu a esta obra, penso em Job, rico em terras, filhos e animais, que ficou tão pobre e não culpou Deus pelo castigo, e, mais tarde Deus recuperou e aumentou a sua riqueza. Junto da Virgem de Fátima, o Padre Alexandre, no Reino de Deus, porque conheci a tua fé, misericórd­ia, alegria, perdão e desapego, amastes como Jesus amou, sorristes como Jesus sorriu, sofrestes como Jesus sofreu, há uma luz divina, da qual só Deus é Senhor absoluto; Alegra-te Bom Padre Alexandre, a morte tem tudo aquilo que não é Deus.

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Bispo Emérito do Funchal

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