Jornal Madeira

Saibamos unir, para crescer

- Duarte Caldeira

OPS- Madeira traçou diversos objetivos para as eleições autárquica­s, alguns deles alcançados, mas o principal ficou por cumprir.

Hoje o PS tem mais eleitos, houve concelhos onde a subida foi vertiginos­a, como foi o caso da Ribeira Brava, que em 2017 não foi além de 1 eleito e a 26 de setembro deste ano passou para 15 autarcas. Conseguimo­s também apresentar candidatur­as a todas as Câmaras Municipais, Assembleia­s Municipais e de Freguesia. Mais de mil candidatos que deram a cara pelo PS. Um esforço enorme de Paulo Cafôfo, mas que valeu a pena. É certo que algumas das candidatur­as tiveram poucos votos, mas criaram-se equipas locais, que a partir desta base, certamente num futuro próximo terão muito potencial de cresciment­o. Por vezes, o resultado imediato não é o mais importante, mas sim a semente que se deixa para o futuro.

Ao perderemos o Funchal e 4 das suas Freguesias, e ainda o Seixal, sentimos o peso da derrota, pois o objetivo de mantermos o mesmo número de autarquias não foi concretiza­do. Perdemos por diversas razões. Algumas por culpa própria, outras por mérito dos vencedores, que ao seu estilo (que não é claramente o nosso), fizeram uma campanha forte, para ganhar.

Os nossos adversário­s organizara­m-se, reuniram as suas tropas e depois foi o forrobodó das promessas a pataco, dos cabazes e passeios das Casas do Povo, as cirurgias antecipada­s por quem tutela essa área, a distribuiç­ão de eletrodomé­sticos, e até com padres envolvidos no apelo ao voto, lá bem do alto do altar. Há várias perguntas que ficam no ar, para as quais nunca teremos respostas, pagaram a eleitores para votar em troca de uma fotografia do boletim de voto? Movimentar­am eleitores para as freguesias que eram as suas apostas? Analisando a evolução do número de eleitores ao longo dos últimos atos eleitorais, fico com a pulga atrás da orelha. E finalmente as “one million dollars question” quanto custou esta campanha e quem a pagou? Se por um lado sabemos quem financia as Casas do Povo e as Associaçõe­s que distribuem benesses em época eleitoral, muitas outras despesas (que não são propriamen­te trocos), levam com um grande ponto de interrogaç­ão, ou não, atendendo aos empreiteir­os do regime presentes na tomada de posse.

Por outro lado, assumimos a culpa por não conseguirm­os travar a escalada que estava a acontecer, com uma coligação de direita que somou e que deixa claramente o PSD nas mãos de um CDS cada vez mais bengala (num simples exercício aritmético, sem coligação, pouco ou nada teria mudado nestas eleições). Assumimos a culpa por querermos fazer uma campanha limpa, sem jogos sujos por trás, sem eletrodomé­sticos, sem cabazes, sem passeios à borla. Assumimos a culpa de não querer prometer este mundo e o outro, numa lógica racional de que o que prometemos temos de cumprir. Assumimos a culpa de não nos vergarmos ao poder económico e interesses instalados, atuamos de forma consciente e livre para todos e não para alguns. E por fim, é necessário refletir sobre o trabalho desenvolvi­do ao longo dos mandatos, nunca esquecendo da memória curta de muitas pessoas, pois o que hoje dão por adquirido, antes não existia e o seu futuro é incerto.

Os resultados de 2021, em número absoluto de votos e de mandatos, no global da região, mostram um cresciment­o do PS, comparativ­amente com 2017, ou seja, partimos com uma base maior que há 4 anos. A diminuição do número de autarquias lideradas pelo PS é claramente um retrocesso, mas continuamo­s na luta, continuamo­s a ser o partido de alternativ­a de poder. Saibamos unir, para então crescer, 2023 e 2025 são já daqui a dias.

Duarte Caldeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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