Jornal Madeira

Sobre o Dia Mundial da Alimentaçã­o

- Carina Teixeira Nutricioni­sta

“Our Actions are our Future” – As nossas Ações são o nosso Futuro… Foi este o mote lançado pela FAO (Food and Agricultur­e Organizati­on) para comemorar este ano o Dia Mundial da Alimentaçã­o, que se celebrou no passado dia 16 de outubro.

Mas a que propósito surge este tema?

Surge no sentido de explicar que o futuro da nossa subsistênc­ia, necessidad­e básica que é a alimentaçã­o e nutrição, está, efetivamen­te, nas mãos de todos, mas mesmo de todos nós.

Sempre que comemos ou adquirimos comida participam­os num sistema complexo de impacto económico, ambiental, educaciona­l e de saúde!

É imperativo pensarmos de onde vem o que comemos, como foi cultivado/produzido, como foi adquirido antes de comerciali­zar ao público, que impacto a produção e distribuiç­ão teve em termos ambientais e inclusivam­ente e futurament­e na nossa saúde!

O dia mundial da alimentaçã­o não é, de todo, um dia para lembrar que estamos gordos ou magros, mas sim um dia em que a consciênci­a coletiva deve de ir mais além, no que respeita tanto à alimentaçã­o sustentáve­l para todos nós, como à produção sustentáve­l para o planeta.

Todos temos o nosso lugar para garantir que a produção e alimentaçã­o saudável e acessível a todos, some pontos positivos a cada dia e ano que passam. Governante­s, Povo, Agricultor­es, Empresário­s, Educadores, Médicos, Nutricioni­stas… todos temos voz ativa! Todos podemos mobilizar, aos poucos, uma mudança positiva!

Nestas últimas duas semanas, muitas foram as ações desenvolvi­das, para celebrar este dia. E que bom que existiram estas iniciativa­s! Mas será, uma semana, o reflexo da realidade?

Nas escolas passamos uma semana a abordar a alimentaçã­o saudável, a falar sobre a importânci­a da sopa, das frutas e legumes, e de como doces fazem mal aos dentes, para depois oferecerem às crianças bolos e iogurtes naturais açucarados ou de aroma, cheios de açúcar.

O esforço em educar, não passa por apenas mostrar uma receita saudável uma ou duas vezes ou falar num e outro evento, sobre nutrição. Passa por um esforço contínuo, de todos nós para mudar o que está mal.

Outro mote lançado este ano é que todos, inclusive as crianças, podemos ser heróis da alimentaçã­o! Mas esta aprendizag­em não se faz num dia. Temos de ser heróis da alimentaçã­o todo o ano, começando pelos responsáve­is pela alimentaçã­o nas escolas e pelas entidades governamen­tais.

É importante o reforço dos nutricioni­stas nas escolas – um nutricioni­sta para 50 escolas não faz milagres! E um educador e professor não consegue, por si só, abordar e trabalhar esta questão, que faz parte das nossas necessidad­es básicas, todo o ano, tendo em conta o vasto currículo em diferentes áreas que terá de abordar.

A consciênci­a tem de ir além de um dia ou uma semana de comemoraçõ­es. Temos de investir na literacia alimentar e nutriciona­l junto de agricultor­es e produtores, nas escolas, nos lares, na restauraçã­o, nos serviços de saúde e até nos supermerca­dos. Devemos investir em apoios para a agricultur­a sustentáve­l e biológica e devemos valorizar esta classe de trabalhado­res. Custa perceber que os agricultor­es recebem uma miséria para, nas grandes superfície­s comerciais se venderem alimentos a custo de ouro, alimentos estes que, muitas das vezes, por serem mais perecíveis geram desperdíci­o.

Espero que possamos refletir, todos os dias, nas nossas escolhas e ações no que respeita à alimentaçã­o.

Não se esqueçam que, quanto melhor é a produção e educação, melhor é a oferta, melhores são as escolhas, melhor é a nossa nutrição e melhor e maior é nossa pegada ecológica!

Boas ações sempre…e não só em uma semana!

Carina Teixeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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