Governo lamenta “intransigência” do BE
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, avisou ontem que o partido votará contra o Orçamento do Estado para 2022 se até quarta-feira “o Governo insistir em impor recusas onde a esquerda podia ter avanços”, mantendo, no entanto, disponibilidade negocial porque “ainda há tempo”.
As palavras de Catarina Martins motivaram uma reação do Governo, através de uma conferência de imprensa na qual o Executivo lamentou o anúncio do BE e contestou a descrição feita pela líder bloquista sobre o conteúdo do documento e o processo negocial.
“O Governo teve durante este processo negocial uma postura bastante construtiva, serena, e procurámos dar resposta e faver avanços concretos em matérias no Orçamento do Estado e noutras reformas que tivemos oportunidade de aprovar a semana passada”, frisou o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.
“O BE tem até quarta-feira para reavaliar a sua posição e o Governo mantém a disponibilidade para com o BE, no processo normal do Orçamento, na fase de especialidade, aprofundar matérias”, disse, frisando que, no ano passado, foram aprovadas inúmeras propostas da oposição já depois da generalidade.
Também presente na conferência de imprensa esteve a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que acusou o BE de “intransigência” no processo negocial, considerando que as opções têm de resultar de “compromissos e não de imposições”.
“Às vezes parece que é preciso exigir tudo e de nada prescindir para que tudo fique na mesma”, criticou Ana Mendes Godinho, dizendo que o Governo procurou “aproximações” às propostas do Bloco, embora reconhecendo que tal não foi possível em todas elas.
Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, também reagiu, considerando que quem votar contra o Orçamento do Estado quer empurrar o país para "as mãos da direita" e "deitar por terra o reforço do estado social".