DUARTE GOMES VEM À MADEIRA SIMPLIFICAR O FUTEBOL NO RELVADO
Antigo árbitro internacional, o ilhéu Duarte Gomes, vem à Região apresentar o seu segundo livro. “O Futebol Explicado no Relvado”, é uma obra que propõe-se a desmistificar algumas situações menos consensuais do jogo.
Duarte Gomes, antigo árbitro internacional prepara-se para apresentar no próximo dia 10 de novembro, no Museu de Imprensa da Madeira, em Câmara de Lobos, o segundo livro da sua autoria, intitulado “O Futebol Explicado do Relvado”. O objetivo desta segunda publicação passa por transmitir de uma forma simples as regras do futebol.
Quatro anos depois de ter lançado ‘Kick Off, um livro que é uma espécie de tradução das 17 leis de jogo para uma linguagem mais prática, o atual comentador desportivo, à conversa com o Jm-madeira, explica as diferenças entra as duas obras. “Em relação ao ‘Kick Off’, a ideia era tentar que todas as pessoas conhecessem o essencial de cada regra de uma forma simples e fácil. Este vai mais longe e procura esclarecer momentos de jogo mais controversos”, desvenda.
Nascido em janeiro de 1973 no Funchal, Duarte Gomes aos 16 anos mudou-se para Lisboa juntamente com a família. Jogou nos escalões de formação do Nacional e nunca lhe passara pela cabeça ser árbitro de futebol, porém aos 18, já na capital, inscreveu-se no curso de árbitros de futebol ‘apenas’ para ver como era. Acabou por construir uma sólida carreira de 25 anos, ‘pendurando’ o apito, devido a lesão, na temporada 2016/17. Subiu à 1.ª categoria em 1997 e passou a ostentar as insígnias da FIFA a partir de 2002.
Após o fim da atividade, Duarte Gomes, embaixador da Ética Desportiva, tem sido um dos rostos mais sonantes na tentativa de “mudar mentalidades e acrescentar valor” no que concerne à postura que o comum adepto tem em relação à equipa de arbitragem. Explicar, esclarecer e humanizar é um dos lemas do projeto digital ‘Kick Off’, tal como nos espaços de opinião na imprensa e televisão.
Relativamente ao livro “O Futebol Explicado do Relvado”, apresentado pela primeira vez no final de setembro no Estádio Nacional, em Oeiras, Duarte Gomes dá continuidade ao trabalho de elucidação que tem vindo a fazer. “O livro tenta explicar algumas das situações menos consensuais do jogo. Há sempre lances que deixam dúvidas, por serem de pura interpretação ou difícil análise. São a alguns desses que "O Futebol Explicado no Relvado" tenta responder com exemplos práticos, ilustrações e até vídeos (em QRCode)”, explica. João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, e autor do prefácio do livro, considera mesmo que esta publicação é “objetivamente serviço público”.
Sobre a apresentação do livro na Madeira em novembro, Duarte Gomes mostrou-se feliz por voltar às raízes. “Será um prazer enorme regressar às origens não como árbitro ou comentador desportivo, mas como autor de uma obra que tem o grande objetivo de sensibilizar as pessoas e aproximar o adepto a este universo tão delicado”, vinca
Quando questionado sobre uma eventual alteração da empatia dos adeptos desde a transição de árbitro para comentador, Duarte Gomes não tem dúvidas que empatia é algo que não existe em relação aos ‘homens do apito’. “Os adeptos não têm empatia pelos árbitros, porque têm uma visão baseada na perceção dos erros que ele cometeu em jogos que envolviam a sua equipa. É natural e humana. Não procuro colher simpatias, apenas fazer o que todas as pessoas com experiência e alguma visibilidade devem fazer: ajudar a acrescentar valor, construir coisas boas, criar pontes para um desporto melhor, onde exista competitividade, mas com respeito, elevação e tolerância”, sustenta.
Já sobre o futuro, Duarte Gomes, de 48 anos, prefere aguardar, explicando que o que o faz mover neste momento é o presente. “Sempre me ensinaram para nunca dizer nunca. Parece-me um princípio sensato. O que sei é o que me move no presente e o que move é este tipo de abordagem mais construtiva. É preciso tentar mudar muita coisa no desporto em Portugal: da mentalidade das pessoas às questões da segurança nos estádios e recintos desportivos; da falta de ética às suspeições constantes; da morosidade da justiça à perceção de imoralidade que muitas pessoas sentem”, afirma, acrescentando ainda que “só lá vamos quando as pessoas, os seus cargos e processos foram transparentes e orientados para a indústria, não para o umbigo”.