Jornal Madeira

1981: uma história acidental (I)

- A PAIXÃO PELOS CLÁSSICOS Marco Ireneu Pestana marcoirene­upestana@gmail.com

Durante o tempo de quarentena, encontro nas memórias do facebook, uma fotografia – ela própria no original, um clássico em papel fotográfic­o Agfa! –, com um Fiat 131 Mirafiori Abarth Rally, que em 1981 de uma forma acidental, cruzou-se comigo. Assistia, junto dos meus pais e amigos à XXII edição do Rali Vinho Madeira, tinha eu oito anos de idade. É incrível a forma, como aquele momento no troço de estrada no alto da serra, são arquivados na nossa memória, num misto de cheiros e cores: da borracha queimada dos pneus PIRELLI P7 CORSA, no alcatrão quente de agosto, humedecido pelo OLIO FIAT derramado e ao odor forte a eucalipto e a pinheiros mansos. Ao ruído da azáfama criada na tentativa de encontrar despojos da máquina transalpin­a que acabara de se despenhar, entre o verde das árvores e arbustos misturados no castanho da terra vulcânica madeirense.

Esta mesma história, que acabara de ver a ocorrer e, que ao rever as fotos daquela aventura – com o amarelecer pelos dedos e o tempo ao folhear, coladas no meu álbum familiar, aos meus olhos de tenra idade – foi uma aventura de dimensão equivalent­e, às que vira com o grande ídolo Jacques-yves

Cousteau – que religiosam­ente acompanhav­a na RTP –, mas passada em terra. E que aventura! Aquele "Calypso" de Turim, que vira passar a arfar, com o uivo emitido pela batuta da injecção Kugelfisch­er – como maestrina da Osquestra Lampredi – passou em velocidade impression­ante, que mal me permitiu ver o enorme "Nº 1" na porta do campeão europeu de Ralis em título, jazia agora, ali, diante dos meus olhos, branco e inerte. Como as enormes baleias, jazem de encontro às praias nos documentár­ios do explorador francês. A emoção me invadiu, com a adrenalina a correr como a benzina no 131 Abarth Rally. O relato pelo repórter da Rdp-madeira, ao que acontecera, ecoava no meu pequeno e fiel Rádio-transístor AM Sanyo que me acompanhav­a nas viagens no Toyota Corolla do meu pai: "Mamma Mia"! as imagens, que agora parecem frames – como as dos filmes em Tecnicolor –, no socorro aos pilotos, efectuada pela ambulância vinda da Calheta oferecida pela Suécia, naqueles anos de crise económica no nosso país...

Uma estória que desperta o interesse aos petrolhead­s? claro que sim...

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Marco Ireneu Pestana escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas
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