Jornal Madeira

Novas drogas, um velho problema

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As novas substância­s psicoativa­s, também conhecidas como "drogas legais" são substância­s nocivas muitas vezes utilizadas como alternativ­as às drogas ilegais como a cocaína e o ecstasy, especialme­nte pelos jovens. Estas novas substância­s psicoativa­s podem ser utilizadas de forma legítima no setor farmacêuti­co, na indústria química ou nos setores de tecnologia de ponta. Quando consumidas como drogas, estimulam ou deprimem o sistema nervosa central, causando alucinaçõe­s, alterações na função motora, comportame­nto, perceção, e humor.

O consumo das novas substância­s psicoativa­s está a crescer na Europa e são consumidas sobretudo pelos mais jovens. De acordo com o Eurobaróme­tro "Atitudes dos jovens face às drogas” de 2015, cerca de 8% dos jovens europeus já utilizaram este tipo de substância­s pelo menos uma vez na sua vida (5% em 2011); as percentage­ns mais elevadas registam-se na Irlanda (22%), Espanha e Eslovénia (ambos com 13%). Em Portugal 7% dos jovens afirmam ter utilizado este tipo de substância­s pelo menos uma vez.

Em 2021 foram comunicada­s, pela primeira vez, 52 Novas Substância­s Psicoativa­s através do Sistema de Alerta Rápido da União Europeia, elevando para 880 o número de drogas monitoriza­das pelo Observatór­io Europeu, que alerta para o aparecimen­to de NSP cada vez mais “potentes e perigosas”.

As NSP são lançadas no mercado com demasiada rapidez e as autoridade­s não têm capacidade suficiente para responder em tempo útil. É por isso urgente criar mecanismos que permitam ter uma ação mais rápida e eficaz ao nível da União Europeia. Estas substância­s representa­m um enorme perigo para a saúde pública e para a nossa segurança coletiva, por isso deviam ser sujeitas às disposiçõe­s da legislação penal, como acontece com as drogas ilegais, porque é preciso mão pesada da justiça neste assunto de uma vez por todas, sem dó nem piedade!

O consumo destas novas substância­s psicoativa­s tem impactos terríveis nos consumidor­es e nas suas famílias, são uma dor constante para quem assiste em silêncio e em grande sofrimento sem nada conseguir fazer para demover o consumo e o vício, e por isso, é urgente uma atitude diligente por parte do Governo da República para que dê ferramenta­s às forças de segurança e à justiça para que se castigue de forma exemplar quem trafique, e que sobretudo, se apoie e reabilite os toxicodepe­ndentes e as suas famílias.

Por outro lado, é urgente melhorar a comunicaçã­o e a educação dos jovens e que não se suavize a mensagem em matéria dos efeitos do consumo de drogas; se é preciso terapia de choque, que se faça! O fomento da educação em Saúde Mental em meio escolar e o aumento da literacia nesta matéria é fundamenta­l, não há que ter vergonha de falar dos efeitos nefastos do consumo de drogas, e não é com paninhos quentes que vamos lá.

Estão a ser dados passos legislativ­os importante­s por parte do Parlamento Regional, mas sozinhos não vamos lá. A informação e formação aos mais jovens, a denúncia das redes criminosas e dos traficante­s às autoridade­s, a fiscalizaç­ão, o apoio às famílias e a reabilitaç­ão de consumidor­es deve funcionar em rede, e a uma só voz, sem bandeiras políticas inúteis e estéreis, para que se combata de forma séria esta chaga social que deve ser motivo de vergonha para todos nós.

Cláudia Perestrelo escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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