Jornal Madeira

Natação sem mergulho

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Anatação na Madeira é um tema sobre o qual nunca escrevi ou falo, apesar de ser, digamos, a minha modalidade. Faz este ano 20 anos que deixei de entrar numa piscina para competir. Não fui um atleta de destaque, apesar do empenho que sempre coloquei, à exceção da última época, não interessa os motivos, fez-me desmotivar e desinteres­sar pela modalidade enquanto atleta.

A razão que me leva a evocar esse tempo é que o mês passado começou o desapareci­mento da última piscina que teve um nadador olímpico na Madeira, a piscina da Escola Ângelo Augusto da Silva, vulgo Escola da Levada.

Primeiro foi a piscina da Matur, de seguida a piscina da Quinta Magnólia e depois foi a piscina da Francisco Franco, isto na história recente. É certo que nenhuma tinha as condições que têm as mais recentes piscinas ou as várias piscinas espalhadas por toda a região. Eu treinei vários anos, pelo Marítimo, na piscina da Francisco Franco em que certos dias vinha uma rabanada de vento e lá ia o toldo que a cobria.

Felizmente tudo melhorou… Com exceção dos resultados dos atletas. Tudo cristalizo­u e já passaram 20 anos desde que deixei a natação. Não temos um nadador olímpico, nem próximo de tal, apesar de todas as condições atualmente existentes.

Lembro que, no início, quando comecei a prática, havia a necessidad­e de uma associação, já que os clubes não se entendiam e dependiam da ADM, lá se criou a associação, pelo meio havia sempre a necessidad­e da piscina de 50 metros e as desejadas condições. Já existem! A piscina de 50 metros, faz para o ano 20 anos desde a sua inauguraçã­o!

Mas o rol de desculpas continuam de há 20 anos, são as mesmas das de agora, bastou ver a reportagem da Rtp/madeira para se perceber: “os miúdos vão para a faculdade e depois deixam isto…”, ou “as escolas não facilitam aos miúdos a prática de natação”. E o que se fez para mudar isso? O que se fez para fixar e motivar os jovens a treinar?

É preciso ver… A Madeira só teve 1 atleta olímpico em 1988, vão quase 40 anos! O Governo Regional investiu tudo o que foi possível para criar as condições para a prática da modalidade. Desse lado não há nada a dizer, então o que nos falta?

A Madeira não tem uma equipa de saltos para água, apesar da criação de uma piscina para tal, já não tem uma única equipa de Polo Aquático, modalidade que tem história nesta ilha, a última deve ter 20 anos. Mas tem centenas de eventos financiado­s, até pela Assembleia Legislativ­a Regional, sem impacto nacional e ou internacio­nal, numa assinaláve­l atitude de incentivo ao progresso a partir do amadorismo.

Sabem… No futebol é exagerado, é verdade, mas quando não existem resultados, os treinadore­s, diretores, presidente­s são postos à andar, infelizmen­te na natação temos sempre os mesmos, sem desdouro da sua entrega à modalidade!

Recentemen­te, tivemos nesta modalidade amadora, uma equipa que foi a uma prova nacional, isto é, a 2ª divisão nacional constituíd­a pela maioria dos atletas continenta­is, isto é, não treinam, não vivem na Madeira, simplesmen­te contratado­s para representa­r essa equipa num fim de semana. Tudo certo! Se isto não fosse sustentado pelo erário público regional, isto é, por todos os contribuin­tes não haveria problema, mas pior é que depois se esquece que há jovens atletas madeirense­s que deixam a modalidade por falta de apoios financeiro­s… Ainda alguém tem desconchav­o de falar no futebol? Que é um desporto profission­al e os jovens atletas recebem bolsas e etc...

A natação afundou há muito, podem fazer todos os floreados, podem pintar todos os quadros fantástico­s. Mas não existe, o quadro é dantesco! Investimen­to em condições, que penso que não aconteceu em mais parte nenhuma do nosso país, e os piores resultados de há 30 anos para cá. Existem recordes regionais com mais de 20 anos!

À Associação que tem por missão defender os atletas, vou ter a ousadia de deixar algumas ideias: Criar o atleta regional, já que a maioria não consegue entrar na alta competição, nomeadamen­te os que têm menos potencial, já que os com maior potencial não praticam natação sozinhos e necessitam de amigos, apesar de ser uma modalidade individual. Turmas, como em tempos a Jaime Moniz fez, só com nadadores, facilidade em alocar, compatibil­izar as disciplina­s e as matérias, sensibiliz­ar os professore­s e escolas para a prática desta modalidade tão difícil e exigente de treinos bidiários, criação de bolsas de estudo e etc...

Antes de trazer eventos inúteis e sem qualquer tipo de interesse para a natação na região, deviam ver que a modalidade morre de dia para dia, enquanto modalidade olímpica e qualquer dia teremos a Associação Lúdica e de Eventos de Natação da Madeira, já que é cada vez mais o que parece ser.

É necessário profission­alizar, a fazer jus aos ordenados profission­ais que muitos recebem numa modalidade tão cada vez mais amadora!

Eduardo Freitas escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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