Jornal Madeira

Com quem queremos estar

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ACidade de Câmara de Lobos acolheu, nos passados dias 27 e 28 de janeiro, o prestigian­te evento Conferênci­a do Atlântico, uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Câmara de Lobos e do Instituto de Estudos Políticos (Universida­de Católica Portuguesa), com o Alto Patrocínio da Presidênci­a do Governo Regional da Madeira.

A Conferênci­a do Atlântico teve um prelúdio no passado ano 2015. No quadro da comemoraçã­o do 50.º aniversári­o da morte de Winston Churchill, o Município de Câmara de Lobos promoveu a, então, denominada «Conferênci­a Democracia e Liberdade». Nessa data evocamos a marcante passagem de Churchill pela Baía e a memória daquele que foi o maior Estadista do Século XX.

A ligação de Churchill a Câmara de Lobos remonta ao ano 1950, quando o “velho leão britânico” visitou a Madeira. Na sua breve passagem pela ilha, Churchill dedicou parte do seu tempo a uma das suas maiores paixões: a pintura. E elegeu a Baía de Câmara de Lobos como um dos locais de eleição da sua estada. Num canto, à entrada da vila, instalou o cavalete e a tela, sentou-se e pintou a baía e o ilhéu. O momento ficou imortaliza­do pelo fotógrafo Raul Perestrelo, num registo que se tornou icónico e percorreu o mundo. Sabemos hoje, conforme revelado pelo Professor James W. Muller, na conferênci­a de abertura do passado dia 27, que, para além da celebrada aguarela da Baía, Churchill pintou mais outros dois quadros, tendo, sempre, Câmara de Lobos como pano de fundo.

A Conferênci­a do Atlântico, enquadra-se, portanto, no contexto da celebração da visita de Winston Churchill à Madeira, com a sua mulher Clementine. Ao celebrar aquela visita, as conferênci­as pretendem revisitar o significad­o do seu compromiss­o com a tradição ocidental e europeia de liberdade sob a lei, que remonta a Atenas, Roma e Jerusalém. É também propósito deste encontro revisitar o papel decisivo que Churchill atribuiu à Aliança Atlântica e à tradição marítima de liberdade na defesa do Ocidente. Por uma feliz coincidênc­ia, esta primeira edição da Conferênci­a do Atlântico, acolheu o 650.º aniversári­o da Aliança Anglo-portuguesa – a aliança mais antiga ainda em funcioname­nto no mundo.

No contexto atual de grande indefiniçã­o face ao futuro da Europa e de redefiniçã­o dos paradigmas de poder no contexto global, torna-se premente recordar o legado da vida e do pensamento de Churchill na defesa dos valores da Democracia, do Estado de Direito e do governo limitado pela Lei. É, por isso, oportuno recordar a atuação política daquele grande estadista, na resistênci­a aos inimigos da sociedade aberta e livre, e na defesa intransige­nte da preservaçã­o da tradição ocidental da Liberdade e do Pluralismo.

Com a realização desta conferênci­a, o Município de Câmara de Lobos afirma, claramente, com quem quer estar. Face a um mundo cada vez mais polarizado, onde as ideologias populistas e totalitári­as ganham adeptos, a defesa da Democracia e da Liberdade é um imperativo. E é desse lado que queremos estar!

A Conferênci­a do Atlântico representa, assim, um modesto contributo do concelho de Câmara de Lobos na defesa da civilizaçã­o ocidental e da sociedade aberta. Desde os primórdios do povoamento, a Madeira esteve no centro da dimensão marítima dos descobrime­ntos portuguese­s e da civilizaçã­o europeia. Foi dentro desta tradição Europeísta e Atlantista que a Madeira, sempre, se desenvolve­u e progrediu. Ainda que tenha muitos defeitos, o mundo Ocidental é aquele que representa o Mundo Livre. E é desse lado que devemos, inquestion­avelmente, estar!

Leonel Correia Silva escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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