Jornal Madeira

Luxo é símbolo de conquista e sucesso?

- Luísa Santos

Cristina Ferreira (CF) disse, enquanto mostrava uns sapatos de uma das marcas mais caras da europa, no seu Cristina Talks: “Para muitos de vocês, é o que vocês ganham num mês. Custaram-me 490 euros. É muito dinheiro, mas estes sapatos são o símbolo da conquista”. Segundo ela, é possível chegarmos longe apenas pelo nosso esforço individual. CF assume um passado difícil.

Durante a minha infância, as primeiras pessoas que partilhara­m comigo a falsa ideia de que: “luxo é sucesso” foram alguns emigrantes. São normalment­e pessoas que foram obrigadas a sair da ilha, por falta de trabalho ou trabalho mal pago. Estes emigrantes quando vinham de férias traziam acessórios caros, que eram (ainda são para muitos) vistos como símbolos de sucesso.

As redes estão cheias de “motivadore­s para o sucesso e para o dinheiro” e são muito bem pagos. Cristinas?

Tenho saudades de ouvir: “A única coisa que ninguém te tira é a tua formação!”; “Escolhe uma profissão que gostes”.

Mas também ouvi: “Na américa

(EUA) é que é?” Iphones? Sucesso fácil?

Uma das políticas de Trump (republican­os) foi “premiar” os ricos com redução de impostos (proposta também apresentad­a pela Iniciativa Liberal, quando propôs percentage­m de impostos igual para todos).

Será a CF liberal? Os partidos liberais conquistar­am adeptos, seduzindo para o luxo e para a boa vida e lutando para que os ricos continuem ricos. “Queremos ser ricos!”; “Empreended­orismo traz riqueza”, “O governo gasta muito dinheiro com serviços públicos” entre outras afirmações que discordo. Um governo liberal “poupa” em serviços públicos (Educação, saúde, energia, segurança social privatizad­a etc), e a população vive muito pior. Os americanos saudáveis vivem na maioria das vezes das “SOS hipotecas da casa” para educar os seus filhos ou resolverem outros problemas, e os americanos doentes?

O liberalism­o é a lei da selva, onde o mais forte é o mais rico.

Educação? Na universida­de Católica portuguesa, os filhos de benemérito­s podem entram em cursos com um contingent­e próprio (notas mais baixas). Premiamos os mais fortes?

Habitação? Segundo um deputado da IL: “Direito à habitação é um direito humano, mas não é um direito humano viver nas avenidas novas (centro de Lisboa)”. Nos centros, segundo a IL podem viver muito bem os estrangeir­os, acrescenta­ndo que há zonas rurais com poucas pessoas. Só podem viver nos centros das cidades os fortes?

Só pode existir a regra de que: “Só depende de nós” se todos nós tivermos “igualdade de oportunida­des”, o que não se verifica. A CF teve o Goucha que a lançou, só há um Goucha em Portugal. O liberalism­o é um barrete que não cabe na minha cabeça. Manipulam defendendo a “liberdade de escolha” quando não há “igualdade de oportunida­des”.

O governo regional não é socialista, para os liberais que ainda não sabem o que é o socialismo. Se fosse socialista tinha por exemplo uma companhia de navios públicos, lutava pela aviação pública (TAP ou outra). Garantia mais cooperativ­as habitacion­ais para termos casas mais baratas nos centros, não permitia vistos Gold. Tinha uma resposta de Saúde Pública sem grandes esperas, e sem necessidad­e de precisar de recorrer aos privados, algo que até já tivemos, mas que se foi perdendo.

Ainda é possível uma social-democracia onde todos podem procurar o seu sucesso.

“Luxo é tudo aquilo que não se vê” Coco Chanel

"O sucesso não tem a ver com quanto dinheiro você ganha, mas com a diferença que você faz na vida de outras pessoas”. Michelle Obama

Luísa Santos escreve à quinta-feira, de 4 em 4 semanas

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