SARA CÂMARA
Para quem lida todos os dias com o cancro da mama, é difícil ter a perceção se estes diagnósticos aumentaram. No entanto, estimase que, na Região, os novos casos variem entre os 150 e os 200 por ano, conforme apontou Sara Câmara, ginecologista obstetra e uma das responsáveis por esta unidade multidisciplinar, para a qual, é antes notório, o cada vez maior número de mulheres preocupadas com esta patologia, cuja probabilidade de desenvolver ao longo da vida é 10%, independentemente da história familiar.
Foi neste sentido que esta Unidade da Mama passou a disponibilizar uma consulta urgente, que não deixa nenhuma paciente angustiada para a semana seguinte, ao procurar tranquilizar os casos que não suscitam preocupação e triar os que exigem atenção. E certo é que, desde o seu arranque, é rara a semana em que a agenda não está preenchida.
“Desde que abriu, houve logo uma procura crescente. Até agora, a consulta acontecia à quinta-feira, mas, neste momento, temos mais duas colegas que dão à segunda e à quarta”, afirmou Sara Câmara, que denota que o propósito é assegurar uma “grande acessibilidade na primeira consulta”, mas também aos exames, como a ecografia, a mamografia e a biopsia.
“Muitas vezes, as doentes têm alguma dificuldade em marcarem exames, incluindo os de rotina, e em serem avaliadas, até mesmo no privado”, reconheceu, aclarando que esta consulta ajuda, assim, a “ultrapassar o circuito grande” que dista entre a saída do consultório e a realização dos exames.
Não obstante, a médica, que também trabalha no SESARAM, realça que não tem havido necessariamente uma migração de doentes do público para o privado, os quais, no seu entender, são “complementares”.
“Muitas vezes, as doentes recorrem ao privado para uma segunda opinião, para rever com mais calma os exames, fazer perguntas ou para ter acesso a exames com mais facilidade, que é algo que, no público, não conseguem gerir, porque ficam à espera e não sabem quando vão ser chamadas. Mas não quer dizer que depois não façam os tratamentos no hospital público”, afiançou.
Já para quem recebe este diagnóstico, Sara Câmara deixa uma mensagem: “O cancro da mama é uma realidade, mas também não é um dramatismo, porque é altamente curável. Na maioria dos casos, as mulheres ficam muito bem e voltam à sua vida praticamente sem sequelas”, realçou, reiterando ainda o apelo para que todas as mulheres façam um estudo mamário anual a partir dos 40 anos. “Não deixem passar”.