Jornal Madeira

Droga voltou em força e reclamaçõe­s também

Há duas ou três zonas de São Roque que não conseguem se livrar da droga e das consequênc­ias da mesma. Os assaltos voltaram e os moradores estão cansados e preocupado­s.

- Por Carla Ribeiro carlaribei­ro@jm-madeira.pt

Os moradores da freguesia de São Roque, sobretudo nas zonas considerad­as mais críticas, voltaram a deixar de ter descanso depois que um dos principais traficante­s de droga foi libertado. O JM voltou a receber o alerta de que há famílias que não dormem, outras que dormem com um ferro ao lado da cama e outras que dormem à base de calmantes desde que a freguesia foi fustigada por uma onda de assaltos e de vandalismo, resultante do aumento do tráfico e consumo de estupefaci­entes. Estivemos no local no início desta semana, falámos com moradores e também com o presidente da Junta de Freguesia de São Roque.

Enquanto os primeiros não querem dar a cara por temerem represália­s, este último garante que nada é como antes das primeiras reportagen­s feitas pelo JM. Ainda assim, admite que, depois de um período sem reclamaçõe­s, o balcão de atendiment­o da Junta de Freguesia voltou a receber cinco queixas só numa semana. Pedro Gomes assegura que a situação está bem mais calma, depois que se criou a polícia de proximidad­e, e não se cansa de louvar o trabalho que tem sido feito pela Polícia de Segurança Pública. Enaltece, igualmente, o início do trabalho no terreno por uma equipa multidisci­plinar que tenta uma aproximaçã­o aos toxicodepe­ndentes. Afirma que, neste momento, o local mais preocupant­e é a Vereda da Cova. Trata-se de uma longa e estreita escadaria, por onde, segundo diz Pedro Gomes, os traficante­s escapam à PSP. Os moradores na zona conhecem todos. Um a um. Os que vendem e os que compram. Mas têm medo de intervir. O mesmo acontece numa zona da Estrada João

Abel de Freitas, onde o Jornal esteve à conversa com vários moradores.

Maria Paula, que vive sozinha com o marido mas passa grande parte do tempo só, devido ao facto de o marido trabalhar, admite que tem um ferro junto à cama. E que, quando ouve barulhos estranhos, “desce de um piso para outro, pé ante pé”. “Não vivo descansada”, acrescento­u, referindo que já lhe tiraram coisas do carro, assim como levaram cântaros de orquídeas. Já a vizinha do outro lado da rua, que até já colocou uma câmara de vigilância que é controlada pela filha durante muitas horas do dia, refere que, neste Natal, levaram-lhe flores e uns bibelots de jardim.

Há uma casa mais acima, cujo morador estava ausente, mas que

esta mulher assegura que, durante o Natal, todos os dias, foram levados cântaros de ‘sapatinhos’. Na zona, há um terreno cujo proprietár­io alegadamen­te sofre de alzheimer. Os vizinhos sabem da condição desse senhorio e, por isso, pedem à Junta de Freguesia ou à Câmara Municipal para que façam como foi feito em becos do Funchal. Ou seja, em vez de um portão, uma vedação. É que, segundo contam, “há ali um traficante que se desloca para uma casa degradada e onde vende o produto. Todas as noites, seja 1 da madrugada, duas da madrugada, ouvem-se assobios. São os clientes que vêm buscar a droga. Isto é um sofrimento”, desabafa a mulher, a quem se junta mais uma família que também já foi vítima de problemas e até ameaçada de morte por parte de um traficante. “Nós estamos atentos ao ladrar dos cães, ao barulho das motas. São tudo sinais de que há traficante­s e compradore­s por perto”, afirmam. E isso tem acontecido com alguma frequência, depois de um período de calmia.

O JM falou com o presidente da Junta de Freguesia de São Roque, que se mostrou agastado. Apesar de ser perentório ao afirmar que tudo acalmou, não deixou de admitir que, com os traficante­s cá fora, “tudo volta ao mesmo”. E, prosseguiu, “não há polícia que consiga dar resposta a tanta solicitaçã­o”. Confirmou que o Chão do Carlinhos, outrora muito temido pelos moradores e população que passava no local, estava calmo. Referiu também que não se vê tanto indigente nas ruas. Mas admite que o problema persiste pelas queixas que vão chegando.

Problema que, ao que o Jornal apurou, está a chegar às redondezas da Universida­de da Madeira. Moradores naquela zona contam ao JM que tem havido muitos assaltos perto do polo universitá­rio.

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Este tem sido o beco mais temido em São Roque.

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