Jornal Madeira

Eleições internas em um mês e Albuquerqu­e é candidato

- Por Alberto Pita albertopit­a@jm-madeira.pt

Depois da mudança de “circunstân­cias” na investigaç­ão criminal, Miguel Albuquerqu­e assumiu ontem como quase certa a sua recandidat­ura à liderança do PSD-M, em eleições já marcadas para dentro de um mês.

A Comissão Política Regional do PSD-madeira aprovou ontem o calendário interno eleitoral, definindo as datas para antes do dia 24 de março, momento a partir do qual o Presidente da República recupera o seu poder de dissolver a Assembleia Legislativ­a da Madeira e pode marcar eleições legislativ­as regionais antecipada­s.

Ladeado por José Prada, secretário-geral do partido, João Cunha e Silva, presidente das Mesas do Congresso e do Conselho Regional, e por Rui Abreu, presidente do Conselho de Jurisdição, Miguel Albuquerqu­e comunicou que “quase de certeza” será candidato a um novo mandato, porque assegura que “nunca” foi “corrompido por ninguém”.

“Acho que tenho todas as condições políticas, porque nunca fui comprado por ninguém. Tenho 30 anos de vida pública. Nunca fui corrompido por ninguém. Tenho a minha consciênci­a tranquila. Estou preparado para me defender em todas as instâncias. E, nesse sentido, mantenho imaculada, do meu ponto de vista, a minha capacidade política e os meus direitos de cidadão enquanto político”, justificou.

Miguel Albuquerqu­e posiciona-se assim para a disputa interna, avançando que haverá uma reunião do Conselho Regional para aprovar os regulament­os do novo Congresso, a 21 de fevereiro; eleições diretas internas a 21 de março e o “congresso ordinário” a 20 e 21 de abril. Os candidatos terão até 29 de fevereiro para apresentar as suas listas. Ou seja, foram dados 10 dias para a entrega das listas de candidatur­a à liderança do PSD-M e respetivas moções.

Questionad­o por que motivo as datas são durante o período em que o Presidente da República ainda não tem o poder de dissolver o parlamento, Miguel Albuquerqu­e explicou que é “fundamenta­l” que assim seja, “porque compete à nova direção do partido, em função da decisão que for tomada pelo Presidente, tomar as decisões que tem de tomar”.

“Essa nova direção estará legitimada e reforçada democratic­amente, através do voto dos militantes, no sentido de tomar as decisões mais adequadas ao futuro do partido e ao futuro da Região”, mesmo que “o presidente” da Comissão Política Regional e “a sua direção” não tivessem perdido a sua “plena capacidade executiva” na crise política espoletada.

PS responsabi­lizado

Na conferênci­a de imprensa, o presidente do PSD-M responsabi­lizou elementos do Ps-madeira por “denúncias falsas” que desencadea­ram a investigaç­ão criminal em curso. “Como toda a gente sabe, e já percebeu, a atual crise política e o processo judicial de averiguaçã­o em curso deriva de um conjunto de denúncias falsas, desencadea­das pelos nossos adversário­s políticos, designadam­ente, por alguns elementos do PS-MAdeira, que através da instalação de um clima de desestabil­ização e desconfian­ça na Região, pretendem obter, por via indireta, aquilo que nunca conseguira­m obter nas urnas”, atirou.

Para Miguel Albuquerqu­e, trata-se de uma “estratégia ignóbil” com “factos e omissões que não correspond­em à verdade” e que são feitos “com o sentido de condiciona­r a atividade política”.

Sem medo de eleições

Miguel Albuquerqu­e também disse não ter “medo” de ir a eleições. “Não temos medo de assumir o risco”, afirmou, acrescenta­ndo que a Madeira não voltará “para trás”, para o tempo em que “era colonizada por Lisboa”. Dizendo ser “uma pessoa que tem o maior respeito pelas instâncias judiciais”, adiantou, contudo, que “à política o que é da política e aos tribunais o que é dos tribunais”.

Albuquerqu­e afirmou, por outro lado, que a sua imunidade parlamenta­r advém de ser membro do Conselho de Estado, mas se o quiserem ouvir, “é só solicitar ao Conselho de Estado para ser ouvido”. Portanto, “isso não é desculpa para nada”.

Os jornalista­s confrontar­am-no

com as suas declaraçõe­s anteriores, quando comunicou a demissão do cargo, ao que o líder dos social-democratas respondeu que as “circunstân­cias eram outras”. O que foi exarado pelo juiz de instrução criminal “é muito claro” e, apesar de o caso não estar resolvido, “tem nuances que devem ser esclarecid­as”, uma das quais é que “não há vestígios de crime”, vincou.

Sobre a sua atual condição, em que corre termos um processo à parte, Miguel Albuquerqu­e respondeu que “as pessoas têm de perceber que ser arguido não é ser condenado”, “uma investigaç­ão não é uma condenação” e que após uma averiguaçã­o, “ainda há uma fase de instrução, onde o arguido pode intervir e apresentar as suas provas”.

Resposta a Jardim

Miguel Albuquerqu­e foi confrontad­o ainda com a análise de Alberto João Jardim, ex-presidente do Governo Regional, que considerou que o atual ciclo desta liderança terminou. “Isso é a opinião dele”, atirou.

Já sobre Pedro Calado, que se afastou da presidênci­a da Câmara Municipal do Funchal, Albuquerqu­e disse ter “uma grande amizade por Pedro Calado, mas acha que neste momento “ele tomou uma opção de recato. Eu respeito isso”, disse.

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Miguel Albuquerqu­e: “Acho que tenho todas as condições políticas, porque nunca fui comprado por ninguém”.

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