Eleições internas em um mês e Albuquerque é candidato
Depois da mudança de “circunstâncias” na investigação criminal, Miguel Albuquerque assumiu ontem como quase certa a sua recandidatura à liderança do PSD-M, em eleições já marcadas para dentro de um mês.
A Comissão Política Regional do PSD-madeira aprovou ontem o calendário interno eleitoral, definindo as datas para antes do dia 24 de março, momento a partir do qual o Presidente da República recupera o seu poder de dissolver a Assembleia Legislativa da Madeira e pode marcar eleições legislativas regionais antecipadas.
Ladeado por José Prada, secretário-geral do partido, João Cunha e Silva, presidente das Mesas do Congresso e do Conselho Regional, e por Rui Abreu, presidente do Conselho de Jurisdição, Miguel Albuquerque comunicou que “quase de certeza” será candidato a um novo mandato, porque assegura que “nunca” foi “corrompido por ninguém”.
“Acho que tenho todas as condições políticas, porque nunca fui comprado por ninguém. Tenho 30 anos de vida pública. Nunca fui corrompido por ninguém. Tenho a minha consciência tranquila. Estou preparado para me defender em todas as instâncias. E, nesse sentido, mantenho imaculada, do meu ponto de vista, a minha capacidade política e os meus direitos de cidadão enquanto político”, justificou.
Miguel Albuquerque posiciona-se assim para a disputa interna, avançando que haverá uma reunião do Conselho Regional para aprovar os regulamentos do novo Congresso, a 21 de fevereiro; eleições diretas internas a 21 de março e o “congresso ordinário” a 20 e 21 de abril. Os candidatos terão até 29 de fevereiro para apresentar as suas listas. Ou seja, foram dados 10 dias para a entrega das listas de candidatura à liderança do PSD-M e respetivas moções.
Questionado por que motivo as datas são durante o período em que o Presidente da República ainda não tem o poder de dissolver o parlamento, Miguel Albuquerque explicou que é “fundamental” que assim seja, “porque compete à nova direção do partido, em função da decisão que for tomada pelo Presidente, tomar as decisões que tem de tomar”.
“Essa nova direção estará legitimada e reforçada democraticamente, através do voto dos militantes, no sentido de tomar as decisões mais adequadas ao futuro do partido e ao futuro da Região”, mesmo que “o presidente” da Comissão Política Regional e “a sua direção” não tivessem perdido a sua “plena capacidade executiva” na crise política espoletada.
PS responsabilizado
Na conferência de imprensa, o presidente do PSD-M responsabilizou elementos do Ps-madeira por “denúncias falsas” que desencadearam a investigação criminal em curso. “Como toda a gente sabe, e já percebeu, a atual crise política e o processo judicial de averiguação em curso deriva de um conjunto de denúncias falsas, desencadeadas pelos nossos adversários políticos, designadamente, por alguns elementos do PS-MAdeira, que através da instalação de um clima de desestabilização e desconfiança na Região, pretendem obter, por via indireta, aquilo que nunca conseguiram obter nas urnas”, atirou.
Para Miguel Albuquerque, trata-se de uma “estratégia ignóbil” com “factos e omissões que não correspondem à verdade” e que são feitos “com o sentido de condicionar a atividade política”.
Sem medo de eleições
Miguel Albuquerque também disse não ter “medo” de ir a eleições. “Não temos medo de assumir o risco”, afirmou, acrescentando que a Madeira não voltará “para trás”, para o tempo em que “era colonizada por Lisboa”. Dizendo ser “uma pessoa que tem o maior respeito pelas instâncias judiciais”, adiantou, contudo, que “à política o que é da política e aos tribunais o que é dos tribunais”.
Albuquerque afirmou, por outro lado, que a sua imunidade parlamentar advém de ser membro do Conselho de Estado, mas se o quiserem ouvir, “é só solicitar ao Conselho de Estado para ser ouvido”. Portanto, “isso não é desculpa para nada”.
Os jornalistas confrontaram-no
com as suas declarações anteriores, quando comunicou a demissão do cargo, ao que o líder dos social-democratas respondeu que as “circunstâncias eram outras”. O que foi exarado pelo juiz de instrução criminal “é muito claro” e, apesar de o caso não estar resolvido, “tem nuances que devem ser esclarecidas”, uma das quais é que “não há vestígios de crime”, vincou.
Sobre a sua atual condição, em que corre termos um processo à parte, Miguel Albuquerque respondeu que “as pessoas têm de perceber que ser arguido não é ser condenado”, “uma investigação não é uma condenação” e que após uma averiguação, “ainda há uma fase de instrução, onde o arguido pode intervir e apresentar as suas provas”.
Resposta a Jardim
Miguel Albuquerque foi confrontado ainda com a análise de Alberto João Jardim, ex-presidente do Governo Regional, que considerou que o atual ciclo desta liderança terminou. “Isso é a opinião dele”, atirou.
Já sobre Pedro Calado, que se afastou da presidência da Câmara Municipal do Funchal, Albuquerque disse ter “uma grande amizade por Pedro Calado, mas acha que neste momento “ele tomou uma opção de recato. Eu respeito isso”, disse.