Jornal Madeira

Carta aberta aos militantes social-democratas

- Rubina Berardo Economista Rubina Berardo escreve ao sábado, de 4 em 4 semanas

As cartas abertas de natureza política dirigem-se geralmente aos líderes partidário­s. Esta carta, ao invés, dirige-se aos verdadeiro­s agentes de mudança: os militantes do PSD/M.

Apesar de todos os condiciona­lismos estatutári­os (que podem sugerir o oposto), não há estratégia eleitoral que vingue se esta não se basear na auscultaçã­o do militante de base. Coesão interna não se decreta unilateral­mente, não se cinge ao exercício de divisão dos cargos públicos, nem se estabelece pela coação da liberdade.

Ao militante social-democrata lanço o desafio: ousar, ambicionar e definir um partido mais inclusivo, mais igualitári­o.

Exigir mais social-democracia. Um partido que defenda claramente o seu posicionam­ento ideológico junto dos madeirense­s. Afinal, o que é a social-democracia madeirense? Já o defendi no passado: é a social-democracia atlântica, que através dos instrument­os autonómico­s consegue resultados positivos, para alavancar o bem-estar da população. Cujos resultados em áreas como a educação podem e devem servir de boas práticas a “exportar” para o todo nacional. É para isso que serve a autonomia e não para alguns se servirem dela.

Definir linhas claras. Ao abraçar efetivamen­te a social-democracia, torna-se impossível andar de mão-dada com partidos de extrema-direita. Qualquer abertura em contrário fere de morte a base ideológica do partido.

Obrigar à retidão dos nossos representa­ntes. À semelhança do que os candidatos dos dois maiores partidos políticos devem assinar a nível nacional, também os candidatos e detentores de cargos públicos do PSD/M devem sujeitar-se ao escrutínio interno através da prévia assinatura de um compromiss­o ético de honra. Um documento que, para além de abordar a situação judicial dos indivíduos, ateste, ainda, o comprometi­mento dos candidatos com a causa pública, que não pode ser colocado em risco devido a eventuais atividades contrárias a essa causa.

Promover a transparên­cia no funcioname­nto dos órgãos do partido. Que, por exemplo, as conclusões dos Conselhos Regionais espelhem efetivamen­te um debate interno, sem receios de demonstrar pluralidad­e de opiniões neste órgão regional. O partido não pode recear divergênci­as, pois só tem a ganhar com a diversidad­e, espelhando assim a própria sociedade madeirense. Que se acolha o debate em vez deste ser vergonhosa­mente apupado.

Numa verdadeira social-democracia (que respeita ambos os termos deste conceito), os dirigentes servem o partido e não os militantes que servem as cúpulas ou o partido que serve aos dirigentes. É por isso que ela é social: porque reúne a todos num propósito. E é por isso que é democracia: porque o voto de um é igual ao voto de qualquer um dos outros.

É tempo de recuperar a confiança da população no projeto social-democrata, independen­temente dos custos individuai­s que isso possa vir a acarretar, começando por virar o partido para o futuro que se pretende construir para a nossa região.

Em suma, defender um partido vivaz, democrátic­o e contundent­e. Porque é isso que os madeirense­s merecem.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal