combate à obesidade
Hoje, assinala-se, o Dia Mundial da Obesidade, um flagelo que continua a condicionar a qualidade de vida de cada vez mais madeirenses.
Não obstante a obesidade seja um problema há muito ‘diagnosticado’, sendo inclusivamente reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como doença em Portugal desde 2004, é ‘desfalcado’ que continua o combate a este flagelo.
Isto porque, conforme Diana Silva, representante da Ordem dos Nutricionista na Madeira, embora já tenham sido desenhadas múltiplas estratégias e trilhadas diversas medidas para minorar esta problemática, a verdade é que muitas ainda “não saíram do papel”, sendo a culpa, em grande parte, da reiterada falta de recurso humanos e físicos que ainda se verifica terreno.
“O problema está identificado e sabemos que continua em crescendo o número de pessoas com excesso de peso, mas a nossa capacidade de resposta continua limitada e precisa de ser amplificada para conseguirmos debelar este flagelo. Há efetivamente uma maior preocupação [por parte da população com esta problemática], mas os recursos que estão afetos aos serviços muitas vezes não são suficientes para poder dar essa resposta”, lamentou a especialista, que mais admite que tais carências são notórias em diversas unidades de saúde regionais, quer ao nível cuidados primários, onde crescem listas de espera para a nutrição, quer ao nível hospitalar.
“Apesar da Região ter rácios melhores, quando comparamos com os rácios a nível nacional, continuamos aquém do que seria necessário. Precisamos de ser mais nutricionistas. Temos serviços que estão desfalcados”, denotou Diana Silva, dando o exemplo dos centros de saúde do Bom Jesus, do Monte, de São Roque, do Porto Moniz e de São Vicente, aos quais se acrescentam ainda o Hospital João de Almada.
A aditar a isto, lamenta a representante, está ainda o facto de ‘armas de combate’ como as consultas de nutrição e a medicação para tratamento de obesidade continuarem a não ser comparticipadas, o que, uma vez mais, volta a dificultar os esforços de ‘travar’ o sistemático excesso de peso entre a população.
Mais investimento
Assim sendo, e face ao crescimento desta condição médica, que não cessa de galopar em todas as faixas etárias, incluindo entre utentes em idade pediátrica, Diana Silva urge um maior investimento sobretudo na contratação de profissionais da nutrição para atuar nas “várias frentes” desta batalha, que, ressalta, não tem apenas lugar as instituições de saúde.
“Este é um problema que tem de ser enfrentado em todas as frentes, não só na saúde, mas também na educação, nas autarquias, na segurança social, no desporto, nas indústrias… Mas para conseguirmos trabalhar nessas frentes todas, os serviços precisam dotar-se com os seus próprios recursos para poder realmente dar seguimento a estas medidas”, insistiu, vincando a necessidade de se continuar a apostar na prevenção, a fim de se combater atempadamente a obesidade, e no tratamento de casos sinalizados, de forma a minimizar os efeitos associados a esta doença.
Até porque, ressalva a profissional, para além desta condição médica condicionar seriamente a qualidade de vida da pessoa obesa, esta acarreta também custos substanciais para a saúde pública. “Temos 10% da despesa total da saúde associada à obesidade e doenças relacionadas e sabemos que 30% das pessoas com excesso de peso têm mais propensão e mais gastos em saúde relacionados com a sua própria doença”, sublinhou.
De assinalar que, de acordo com os dados da Direção Regional de Estatísticas da Madeira (DREM), em 2022, 57,4% da população com 18 ou mais anos tinha excesso de peso ou obesidade, sendo que 37,9% tinham excesso de peso e 19,5% tinham obesidade.